O senador e líder do governo Lula no Senado Federal, Jaques Wagner, disse nesta sexta-feira (30), em entrevista à Rádio Salvador FM, que os atos contra a ministra Marina Silva na Comissão de Infraestrutura do Senado foram uma grosseria. O petista entretanto rebateu falas que apontam que ele teria abandonado a ministra na comissão, mas Wagner explicou que, como líder do governo, precisou ir a outras comissões. O parlamentar também criticou a forma atual dos debates no Senado e na Câmara, marcados por lacração e xingamento e não por argumentos.
“Eu achei, sinceramente, até porque ela era uma convidada do Senado Federal para falar e, na minha opinião, passaram do ponto, houve grosseria, o presidente da República se manifestou, eu liguei pessoalmente para Marina me solidarizando com ela”, disse Jaques Wagner. Ele pontuou: “Hoje em dia, as pessoas trocaram o argumento pela lacração e pelo xingamento. O tema ambiental hoje é um tema mundial, não adianta fugir dele: estamos vendo enchentes, seca, regiões desertificando […] Nós vamos ter que achar o bom senso e o equilíbrio para conduzir”.
Ele então se defendeu das acusações de abandono: “Eu quero até aproveitar a sua pergunta para falar de uma maldade, uma crueldade que fazem para estigmatizar. Eu sou líder do governo; quarta-feira de manhã é quando tem o maior número de comissões funcionando – sete, oito, nove – e o líder do governo tem que passar em todas porque em cada uma tem um pepino para descascar”. Marina teve uma discussão acalorada com os senadores Marcos Rogério (PL-RO), que presidia a sessão, Omar Aziz (PSD-AM) e Plínio Valério (PSDB-AM).
“Qualquer ministro do governo do presidente Lula que vá fazer depoimento, fazer esclarecimento, fazer palestra no Senado da República, eu sempre sou o que recepciono e acompanho a pessoa. Então recebi a Marina, entramos juntos na comissão, ela fez a exposição dela e começaram as perguntas. Eu tinha uma outra matéria na Comissão de Economia, que era um pepino de 40 bilhões de despesa para o governo. Então o Rogério Carvalho, que é o líder do PT estava lá, a Eliziane me disse ‘estou chegando’ e eu disse ‘agora vou cuidar da CAE’”, explicou Jaques Wagner.
“Resolvi o problema da Comissão de Economia, voltei para acompanhar a Marina. Até o momento que eu estava lá, tinha dado uma esquentada com o Omar Aziz, mas não foi o momento mais quente. O pessoal diz que ela foi abandonada; ela não foi abandonada de jeito nenhum. Rogério Carvalho estava lá, Eliziane estava lá, eu estava lá. Enquanto eu estava. Alguém pode perguntar: por que você não falou? Eu não falei porque, enquanto eu estava lá, não tinha o que defender”, salientou o senador baiano.
O que aconteceu lá é infelizmente esse jeito moderno. Eu fui da Câmara dos Deputados de 91 até 2002 e tinha debate e tudo, mas era no argumento. Hoje é uma tal de xingação, lacração, todo mundo só quer fazer filme de si próprio para mostrar na rede. Acho que a política mundialmente vive um perigo porque as pessoas estão vivendo só na fanatização, na polarização e eu acho que política é diálogo, é sempre o caminho do meio. Na democracia que, para mim, é sagrada, ninguém sai com 100%, porque 100% é a ditadura, é a minha vontade, é a vontade do rei.