Em entrevista concedida nesta sexta-feira (23) a uma emissora de Rádio, em Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) trouxe atualizações importantes sobre o andamento do projeto da ponte Salvador-Itaparica, destacando os desafios enfrentados e o papel do governo federal na viabilização da obra, considerada estratégica para a relação Brasil-China.
Segundo o governador, as tratativas com o consórcio chinês responsável pela execução do projeto — iniciado nas gestões de Rui Costa e João Leão — avançaram significativamente após sua recente viagem à China, onde reuniu-se com representantes das empresas envolvidas e membros do governo chinês. Jerônimo explicou que a pandemia e seus efeitos econômicos, como o aumento dos custos de materiais e mão de obra, levaram à necessidade de revisão contratual.
“O Tribunal de Contas do Estado, de forma inédita, assumiu a mediação e ajudou a fechar o novo acordo entre o Estado e o consórcio. Mas como se trata de empresas públicas chinesas, todo o processo precisa passar por validação do governo central da China. Isso faz parte da cultura deles”, afirmou.
Jerônimo relatou ainda que uma das empresas do consórcio original, a CR20, deixou o projeto e foi substituída pela CCECC — gigante chinesa que participou da construção da ponte Hong Kong-Macau, uma das maiores do mundo. A entrada da nova empresa, segundo ele, trouxe novos questionamentos técnicos, como a necessidade de reavaliar trechos do solo marítimo onde a rocha é mais frágil, o que pode demandar mais investimentos.
“Se for detectado que há mais trechos assim, vamos reavaliar o contrato, como está previsto. Da mesma forma, se houver alguma economia, vamos negociar a redução de custos”, garantiu.
Outros pontos levantados pelos chineses não estavam diretamente relacionados ao contrato, como o pedido de facilitação de vistos para engenheiros chineses e a solicitação de apoio na captação de recursos adicionais. Segundo Jerônimo, o governo federal já garantiu R$ 3 bilhões via Banco do Nordeste e agora trabalha para viabilizar mais R$ 1,5 bilhão.
O governador também revelou que a dragagem da área marítima para facilitar o tráfego de navios pesados será feita com recursos próprios do Estado, independentemente da ponte, por também beneficiar o porto da capital.
Jerônimo destacou a atuação do presidente Lula na articulação com o governo chinês, mencionando que o tema foi levado diretamente por Lula ao presidente Xi Jinping, que reconheceu a ponte como um projeto estratégico Brasil-China. “Isso nos animou muito. Esperamos que, nos próximos dias, o governo chinês também assine o contrato. A partir daí, poderemos iniciar ações concretas como desapropriações e, quem sabe, ver as primeiras pilastras surgindo já no próximo ano”, afirmou.