O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (9) que teve uma “conversa extraordinária” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar do tarifaço imposto pelo governo norte-americano a produtos brasileiros. Segundo Lula, o diálogo foi cordial e pode marcar o início de uma negociação para reduzir as tarifas.
“Eu te confesso que eu fiquei surpreso com o resultado da conversa, porque era uma coisa que parecia que não iria acontecer, parecia impossível. Nós nos encontramos rapidamente no salão de espera, lá na ONU, e tivemos uma conversa de 30 segundos, quem sabe um pouco mais, um pouco menos, e ele disse que pintou um clima. O dado concreto é que ele me telefonou e no telefonema havia uma expectativa de que ia ter muita discussão. Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode dar com o outro. Eu tratando de forma civilizada e ele me tratando de forma civilizada”, afirmou Lula em entrevista à rádio Piatã.
O presidente contou que recebeu a ligação de Trump no dia em que completou 80 anos e destacou o tom amistoso da conversa. “Eu disse pra ele: ô presidente, nós vamos nos tratar sem liturgia, você me chama de você, eu chamo você de você. Afinal de contas, eu estou completando 80 anos hoje e você vai fazer 80 anos no dia 14 de junho. Então nós somos dois senhores de 80 anos, presidimos as duas maiores democracias do ocidente e precisamos passar para o resto do mundo cordialidade, harmonia e não discórdia e briga”, disse Lula.
O petista afirmou que defendeu diretamente a retirada das tarifas sobre produtos brasileiros, classificando a medida como resultado de “má informação” passada ao governo americano. “Eu falei com ele aquilo que eu deveria falar, que era preciso retirar a taxação dos produtos brasileiros, que ele tinha sido mal informado. Então agora começa um outro momento”, declarou.
Segundo Lula, o secretário de Estado indicado por Trump, Marco Rubio, já entrou em contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para dar início a uma rodada de conversas diplomáticas. “Talvez comece a ter conversa a partir de agora e vamos ver se a gente consegue acertar, porque o Brasil não quer briga com os Estados Unidos, não quer briga com Uruguai, não quer briga com a Bolívia. O Brasil quer paz e amor, o Brasil quer crescer, o Brasil quer se desenvolver. Nós não temos contencioso com nenhum país do mundo. E não queremos ter”, afirmou.
Lula reforçou que pretende manter uma relação “boa, civilizada e democrática” com Washington, sem abrir mão da soberania nacional. “Os Estados Unidos são uma aliança de 200 anos, é uma coisa muito forte. Então nós queremos manter uma relação boa, civilizada, democrática, respeitosa, sem abrir mão do nosso conceito de democracia e da nossa soberania”, completou.
