O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) questionou o silêncio do ex-prefeito de Salvador e líder do União Brasil, ACM Neto, após revelações de sua proximidade com o empresário José Marcos de Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”. Moura é acusado pela Polícia Federal de comandar um esquema de fraudes milionárias em contratos públicos, envolvendo licitações superfaturadas e desvios de verbas públicas.
“É inadmissível que o ex-prefeito ACM Neto permaneça calado diante de uma denúncia tão grave. Estamos falando de contratos bilionários com a prefeitura que ele administrou e uma relação de amizade e negócios com o principal acusado desse esquema”, afirmou Solla.
José Marcos de Moura, preso na Operação Overclean, é sócio da irmã de ACM Neto, Renata de Magalhães Correia, em uma aeronave. Além disso, investigações apontam que Moura teria acionado Neto para liberar pagamentos relacionados a contratos das suas empresas com a Prefeitura de Salvador. Esses contratos, que somam mais de R$ 1,3 bilhão, incluem serviços como coleta de lixo e dedetização.
“Ele precisa explicar sua relação com alguém acusado de desviar milhões de reais de dinheiro público. Essa omissão é um desrespeito à população baiana e brasileira”, criticou Solla.
Os contratos firmados pelas empresas de Moura com a Prefeitura de Salvador começaram durante a gestão de ACM Neto e continuam vigentes na administração de Bruno Reis, seu sucessor e aliado político. Apesar de os contratos não serem o foco direto da operação da PF, a conexão entre Moura e Neto, tanto política quanto empresarial, levanta suspeitas de favorecimento e falta de transparência.
Para Solla, a postura de silêncio de ACM Neto é um sinal de desprezo pelo debate público e pela prestação de contas. “Se ele não tem nada a esconder, por que se cala? Salvador e a Bahia merecem explicações claras sobre esses contratos e sua relação com Moura”, reforçou.
O caso trouxe constrangimento ao União Brasil, partido de ACM Neto, e aumentou a pressão sobre sua liderança. Para Solla, a ausência de explicações públicas é uma tentativa de minimizar o impacto das denúncias e preservar sua imagem política.
“Esse silêncio é mais ensurdecedor do que qualquer defesa que ele pudesse apresentar. A Bahia precisa de líderes que não se escondam, mas que enfrentem a verdade de frente”, concluiu o deputado.
A expectativa é que a pressão de lideranças políticas e da sociedade civil force ACM Neto a se manifestar publicamente e esclarecer os fatos.