Em visita à Bahia, governador do RS fala de candidatura à presidência, critica Fundão e diz que desejo de Bolsonaro com voto auditável é “repetir Donaldo Trump” e “gerar confusão”

Eduardo Leite Salvador

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou, em entrevista coletiva neste sábado, em Salvador, que caso consiga se viabilizar para concorrer à presidência da República pelo tucano, ele não irá atuar para vencer o pleito atacando os outros concorrentes: “não esperam de mim buscar ganhar [as eleições] ressaltando os defeitos dos outros”.

Questionado sobre os seus possíveis concorrentes na disputa pela chamada 3º via, Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM).

“Ciro é, nitidamente, alguém que tem o recall das suas candidaturas; já [são] três candidaturas à Presidência da República, e tem, neste momento, as intenções de voto que até aqui ele têm tido nas suas [últimas] eleições, em torno de 10%. O desafio é a capacidade de superar isso. Será que o contexto eleitoral apresenta a capacidade de superar? Como eu disse, a gente precisa ter humildade para reconhecer que, eventualmente, outra candidatura pode reunir as condições de superar esta polarização. No entanto, a gente precisa reconhecer que Ciro Gomes, até aqui, não conseguiu promover, ir para além dos seus 10%”, avaliou Leite.

Sobre Mandetta, afirmou o governador do Rio Grande do Sul: “É um nome que eu sinto que está na mesma vibe que eu. Vamos sentar, conversar, construir convergência, antes de nos colocarmos, tem um projeto de país que precisa ser colocado em primeiro plano”, defendeu.

Fundão

O político gaúcho ser questionado sobre o aumento de R$3,7 bilhões no fundão, aprovado pelo Congresso nesta semana, Leite avalou: “Eu acho que é equivocado, que é um erro esse aumento do fundo eleitoral. Não é razoável que de um lado seja negado, por exemplo, três bilhões e meio de reais para a conectividade para as crianças da nossa rede pública e de outro lado você aumente o fundo eleitoral. Não tá certo. No momento que você tem desemprego em alta, empregos que quebram em função da crise, que você tem inflação, aumento dos preços para a população, haver aumento do fundo eleitoral”.

Apesar de criticar o aumento, lei se mostrou favorável ao financiamento público de campanha, o que ajuda a ter menos “interferência de interesses econômicos específicos de setores”.

Voto auditável

Ao tratar das argumentações e ameaças feitas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), acerca do voto auditável, o político avalia que o movimento é para causar “confusão” buscando recriar no Brasil o clima de tensão e o imbróglio ocorrido nas eleições norte-americanas.

“A confiança no processo eleitoral é sempre pertinente, e tem que ter disposição para dialogar sobre. Agora, sobre Bolsonaro, tudo vira um risco. São constantes ataques à Constituição, ao Supremo, ao Congresso, aos governadores e à imprensa. Todos são atacados. Então o voto impresso para Bolsonaro, não vou dizer que todos que acompanham o voto impresso estejam defendendo a intenção que Bolsonaro defende, mas sem dúvida a intenção do presidente e daqueles que o circundam ao insistir no voto impresso não é efetivamente das condições de auditar votos e sim de gerar confusão”, destacou Leite.

Além do custo da adequação ao novo sistema, que é bilionário, Leite aponta que com o voto auditável poderá ter problema em uma eventual recontagem de votos, que é o que ele acredita que Bolsonaro irá pleitear.

“A simples necessidade de, domingo, você ter a declaração do voto, mas depois ter que abrir um prazo para recontagem, com os tantos pedidos de recontagem, parece que a intenção é muito mais repetir o que foi a tentativa de Donald Trump nos Estados Unidos de gerar tensionamento, até o último momento, enquanto vai tentando mobilizar os contrários para discutir a eleição e gerar tumulto e confusão. Eu digo que essa intenção deles é uma espécie de ‘se correr o bicho pega, se ficar o bicho come’, porque, se aprova o voto impresso, vamos conseguir formar confusão na contestação dos resultados lá na frente. Se não aprova o voto impresso, também fazem a confusão como se fosse uma teoria da conspiração contra a eleição dele”, ironizou o governador do Rio Grande do Sul.

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