Após mais de um mês sem contato direto, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), retomou o diálogo com o líder do governo na Casa, senador Jaques Wagner (PT-BA). Segundo informações da coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, Alcolumbre ligou para Wagner no dia 24 de dezembro para desejar feliz Natal, em um gesto que marcou o fim do período de distanciamento entre os dois.
A conversa, no entanto, foi breve e restrita às felicitações natalinas. Temas sensíveis que têm tensionado a relação entre o Senado e o Palácio do Planalto, como a data da sabatina do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), não entraram na pauta da ligação.
Alcolumbre e Wagner estavam sem se falar desde o dia 20 de novembro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a escolha de Jorge Messias para uma vaga no STF, frustrando aliados do presidente do Senado que defendiam o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Além da insatisfação com a decisão, Alcolumbre reclamava de não ter sido avisado previamente sobre o anúncio.
Nas semanas seguintes, o clima nos bastidores foi descrito por pessoas próximas ao senador como de “completa indignação”. Alcolumbre se sentiu especialmente incomodado com rumores de que teria condicionado a aprovação de Messias à obtenção de cargos no governo federal, versão que ele rejeitou publicamente.
Em 30 de novembro, o presidente do Senado chegou a divulgar uma nota em tom duro, criticando “setores do Executivo” e acusando o governo de tentar retirar prerrogativas do Senado. A reação ocorreu em meio à demora do Palácio do Planalto em enviar a documentação necessária para que a sabatina de Jorge Messias fosse marcada.
Durante o período de afastamento, Alcolumbre e Jaques Wagner mantiveram comunicação indireta por meio de outros senadores, como o relator da indicação de Messias, Weverton Rocha (PDT-MA), e o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM).
Além da reaproximação com Wagner, Alcolumbre também retomou o diálogo com o presidente Lula após semanas sem contato. Os dois conversaram por telefone depois do início do recesso parlamentar e, poucos dias depois, se encontraram pessoalmente em Brasília, segundo relatos de interlocutores.
O movimento é visto como um sinal de distensão no relacionamento institucional, em meio às articulações que envolvem a indicação ao STF e a agenda do Senado para o início do próximo ano legislativo.
