O líder da Oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado estadual Tiago Correia (PSDB), fez duras críticas aos sucessivos pedidos de empréstimo encaminhados pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) à Casa, que, segundo o parlamentar, já somam cerca de R$ 27 bilhões. Para o tucano, a contratação dos créditos revela falta de planejamento, risco de endividamento do Estado e mau uso dos recursos públicos.
Durante discurso, Tiago Correia citou como exemplo a compra de trens para o sistema ferroviário da Bahia, especialmente o caso do VLT do Subúrbio, que substituiu o antigo trem. Segundo ele, o Estado adquiriu “uma sucata” do Mato Grosso, sem cronograma claro para início da operação. “Compramos uma sucata, livramos o estado do Mato Grosso de um abacaxi enorme para, sabe-se Deus, quando esses trens vão começar a operar, mostrando que não existe planejamento, não existe projeto, não existe nada”, afirmou.
O deputado destacou que, apenas na compra dos trens, teriam sido gastos cerca de R$ 1 bilhão, enquanto a população do Subúrbio permanece há mais de cinco anos sem o serviço ferroviário. Ele também criticou os recursos investidos em projetos que não avançaram, como o monotrilho e o próprio VLT, além da necessidade de novos estudos após a mudança do modelo de trem. “Aí compra um trem obsoleto, já construído há mais de 15 anos, que ficou mais de uma década parado no pátio do Mato Grosso”, disse.
Para Tiago Correia, o caso ilustra o que ele classifica como “total descontrole” na aplicação do dinheiro público. “Estou dando um exemplo de R$ 1 bilhão, mas pense que nós temos mais de R$ 26 bilhões que vão ser gastos provavelmente do mesmo jeito”, alertou. O parlamentar questionou se a Bahia não estaria perdendo a oportunidade de investir corretamente os R$ 27 bilhões em áreas estratégicas e com retorno efetivo para a população.
O líder da oposição também chamou atenção para o impacto do endividamento no futuro do Estado. Segundo ele, a contratação desses empréstimos pode comprometer a capacidade de investimento das próximas gestões. “Os próximos governadores, seja o próprio Jerônimo ou outros, não vão poder contratar mais créditos porque nós já vamos estar endividados”, afirmou.
Tiago Correia acrescentou que parte dos recursos poderia ser utilizada para enfrentar problemas históricos da Bahia, como a segurança pública e a fila da regulação na saúde. “Esses R$ 27 bilhões não vão resolver, pelo contrário, vão agravar o problema da segurança. A fila da regulação poderia ser resolvida com parte desses recursos”, disse.
Por fim, o deputado justificou a postura mais incisiva da oposição na Alba, especialmente no fim do ano e em um período pré-eleitoral. “Por isso fizemos uma obstrução mais barulhenta, para chamar a atenção da sociedade. Os indicadores desses mais de 20 anos de governo do PT mostram que a aplicação dos recursos não tem produzido resultados. É muito grave a contratação desses empréstimos”, concluiu.
