Durante o balanço de apresentação das projeções para a indústria baiana, realizada nesta quarta-feira (17), o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos, fez um pronunciamento contundente sobre o atual ambiente econômico do país.
Na avaliação do dirigente, a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, mesmo com a inflação em trajetória de queda e situada em 4,5%, impõe um ônus excessivo tanto ao setor produtivo quanto à sociedade em geral, comprometendo o crescimento econômico.
Políticas em sentidos opostos
Passos chamou atenção para o desalinhamento entre as principais engrenagens da política econômica nacional. De um lado, o Banco Central atua de forma restritiva, utilizando juros elevados como instrumento de contenção da atividade econômica. De outro, o Governo Federal adota uma postura expansionista, ampliando gastos com programas sociais e ações de desenvolvimento, o que, segundo ele, reduz a eficácia do combate à inflação.
Esse contraste, na visão do presidente da FIEB, evidencia a ausência de coordenação entre as estratégias fiscal e monetária. “São dois viés que não se conversam, que justificam uma taxa de juros muito elevada, que não é só uma taxa de juros, é um custo para a sociedade,” afirmou.
Críticas à postura do Banco Central
Ao recorrer a uma metáfora amplamente utilizada no meio financeiro, Carlos Henrique Passos expressou insatisfação com a comunicação do Banco Central, que, segundo ele, não sinaliza de forma clara uma perspectiva de redução dos juros, mesmo após a renovação de grande parte da diretoria da instituição.
“Ficamos nós do setor produtivo reclamando da taxa de juros mostrando gráficos em que a ‘boca de jacaré’ entre os juros e a inflação abre a cada mês, mas já não chega o mês de viabilizar uma tendência de queda,” declarou, ao comentar a leitura do setor produtivo sobre as recentes atas do Copom.
Incertezas políticas e impactos econômicos
Ao projetar o cenário para 2026, o presidente da FIEB destacou que o ambiente econômico já começa a ser influenciado pelo processo eleitoral presidencial. Para ele, a intensificação da polarização política e a disputa de narrativas criam incertezas que afetam diretamente as expectativas dos agentes econômicos e as decisões de investimento.
“Nós convivemos no dia a dia com as guerras de narrativas e com as expectativas que essa polarização política traz e com efeitos econômicos que nós vivenciamos,” disse Passos, acrescentando que a elevação da dívida pública, agravada por juros de 15% ao ano, representa o principal desafio para a sustentabilidade econômica do país nos próximos anos.



