A federação entre PP e União Brasil, batizada de “União Progressista”, deve ser oficializada em breve pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo afirmou o senador Ciro Nogueira (PP-PI). A informação, revelada pelo Estadão, vem acompanhada de um sinal de alerta: a demora da direita e do centro-direita em definir um nome para a disputa presidencial de 2026 preocupa uma das principais lideranças do Centrão.
Em mensagem nas redes sociais, Ciro reclamou da falta de unidade no campo liberal-conservador e avisou que pretende discutir com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, uma mudança de foco caso o impasse continue. “Diante da falta de bom senso e de estratégia no centro e na direita”, escreveu o senador, ele defenderá que a federação dê prioridade às eleições estaduais, onde está a maior fatia do Fundo Eleitoral distribuído conforme o tamanho das bancadas na Câmara.
A declaração foi entendida nos bastidores como um recado direto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ainda não apontou um sucessor para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. Ciro, por sua vez, tem trabalhado pela candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O senador voltou a negar qualquer intenção de compor uma chapa como vice — possibilidade que vinha sendo ventilada por aliados de Bolsonaro. “Tudo o que eu falava, estavam desvirtuando porque (diziam) que eu queria ser vice. Para encerrar essa situação, já comuniquei ao presidente Bolsonaro que vou ser candidato ao Senado”, afirmou. Ele disputará o terceiro mandato pelo Piauí.
Disputas internas e tensões regionais
A aproximação entre PP e União Brasil reacendeu conflitos regionais no chamado Centrão. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou sua pré-candidatura à Presidência mesmo sem apoio da maior parte do próprio partido e tampouco do PP de Ciro Nogueira.
Assim que a federação for validada pelo TSE, as duas siglas terão de apoiar as mesmas candidaturas para presidente, governadores e prefeitos por quatro anos — o que torna ainda mais sensíveis as disputas internas.
Em setembro, lideranças de PP e União Brasil ensaiaram uma postura unificada ao anunciar o rompimento com o governo Lula, embora ainda mantenham quadros em ministérios importantes, como André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo). Além disso, figuras centrais do Congresso, como Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Arthur Lira (PP-AL), seguem com forte influência na máquina federal.
Interesse estratégico
Apesar das divergências, a federação é vista como crucial para fortalecer a presença das duas legendas no Congresso e ampliar recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, além de garantir mais tempo de propaganda na TV. Atualmente, PP e União Brasil somam 109 deputados federais, 14 senadores, 7 governadores e 1.335 prefeitos.
Para valer nas eleições municipais de 2026, a federação precisa ser aprovada pelo TSE até o início de abril do ano que vem, respeitando o prazo de seis meses antes do pleito.



