Juca Aleixo retorna com sua pena de ganso, no pós-eleição municipal, para mostrar que na Bahia a disputa não se encerra nunca.
Tábua de salvação
Prefeitos eleitos e reeleitos em diversas regiões da Bahia, de siglas da base do Governo e da Oposição, articulam um movimento para defender que o senador Angelo Coronel (PSD) tenha o seu direito à recondução assegurado. A avaliação é de que a sua luta pela aprovação da redução do INSS na Desoneração, proposta por ele próprio como um caminho para dar um respiro no orçamento dos municípios, acabou sendo a tábua de salvação de muitos prefeitos, que viram seus caixas crescerem às vésperas de um pleito onde caminhavam para um derrota certa, quer seja pela rejeição ou pela falta de recursos para fazer frente aos problemas da cidade, mastigados pelos candidatos de Oposição. O movimento, que já caminha para 100 apoios, promete atuar como um contrapeso da balança.
Trono de bronze
As articulações para o comando da UPB já começam a esquentar em toda Bahia, com um fato inusitado nesta disputa, uma articulação regional de prefeitos que pode resultar em diversas candidaturas.
Desejo
Aproveitando o fortalecimento do partido e o cenário de uma transição entre correligionários, prefeitos do PSD já começam a se movimentar. Em Itabuna, Augusto Castro articula uma rede de prefeitos da região Sul, extremo-sul e até sudoeste para chegar forte no páreo. Apesar do primeiro mandato, o prefeito eleito de Alagoinhas, Gustavo Carmo, conta com apoio de importantes cidades da região agreste, do portal do Sertão alcançando até região do Sisal, muitos articulados pelo atual prefeito e conselheiro. Outro prefeito do PSD que está no topo das apostas é Philipe Brito, de Ituaçu. O nome tem bom trânsito tanto com o senador presidente da sigla no estado, como o senador e líder do Governo Lula. Além do apoio dos prefeitos, o que se comenta é que o próximo presidente terá que obter ao menos 3/5 dos apoios dos caciques do Estado: Jerônimo, Otto, Wagner, Rui e Coronel.
Na disputa
E não é só nomes do PSD que despontam com força, prefeitos que já ensaiaram uma candidatura na última disputa e que retiraram para compor a chapa estão decididos em disputar no pleito deste ano. O vice-presidente institucional da UPB e prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), é o principal deles, e já articula uma frente ampla com prefeitos da base e da oposição. Segundo gestores que participaram das articulações na chapa que tomou posse no início de 2023, há um acordo de transição feito pelo próximo presidente da UPB com ele.
Horizonte aberto
E falando em acordo, quem deve construir um é o vice-prefeito eleito de Feira de Santana, Pablo Roberto. Sendo pressionado para se manter no mandato e para aceitar a função para a qual foi eleito em 2024, a de vice, Roberto poderá ser beneficiado com uma emenda em tramitação na Casa, que proporcionará aos parlamentares estaduais o direito de exercer a função de secretário municipal, a qual só é permitido em Salvador. A tática visa manter o mandato e preparar o caminho que muitos apontam ter leme direcionado para Brasília.
Ensaio
O movimento para entregar o comando da Educação de Salvador para parlamentar gerou reação no ninho tucano, que já tem nomes certos para pasta. Membros do partido avalia que a medida, que buscar ser um nova cláusula no cumprimento da promessa, mantendo o comando alinhado ao Palácio, fragiliza o federal da sigla, que saiu do pleito de 2024 mais fragilizado que nunca. Sem a coroa do vale do São Francisco, Salvador se tornou uma das prioridades para ele e para o partido. Analistas apontam que a sigla não abrirá mão de ter a pasta por inteira.
Bola da vez
A recriação da secretária de Esporte já é dada como certa na minireforma que o prefeito promete fazer. A nova pasta poderá ter um parlamentar tucano e ex-jogador profissional no comando, puxando para o Legislativo outro parlamentar que tem na promoção do esporte sua bandeira.
Operação Escudo
Com a recondução garantida e vendendo bem que o transcorrer do mandato também está, o presidente da Casa já sinalizou que não vai entrar na briga da vice-presidência. Mesmo com a sombra de uma decisão contrária na justiça, Adolfo já esboçou a diversos parlamentares que o correto é que se mantenha a atual divisão de poder na Casa, com cada partido ocupando seu espaço na Mesa Diretora pelo tamanho.
Operação Escudo parte 2
Mantendo a regra, a primeira vice-presidência vive embate entre candidatos do PT e PV, por força da Federação. O PT, com maior número de deputados, deve fazer valer o script e indicar o líder do Governo para vice-presidência. Dizem que o deputado do PV, que já anunciou que não desistirá por nada, deve ser chamado pelo próprio governador para uma conversa. Jerônimo já comunicou que não aceitará bate-chapa. Outro deputado do PV, que sempre quer mas nunca leva, tentará novamente obter o comando da comissão mais importante da Casa.
Puro sangue
Deputados de diversos partidos, inclusive do PSD, avaliam como inviável a chance do PSD estar na presidência e na vice, o que garantiria ao partido, em caso de queda de Adolfo, a permanência no comando da Casa. A avaliação é de que a decisão de Menezes e o risco dela é todo do PSD, sem margem para queixas no futuro.
Conselheiro
Na cúpula de Débora Régis há um conselheiro que tem estimulado ela a fazer uma interlocução com Salvador na formação do governo. O político histórico da cidade tem defendido que a cota com os soteropolitanos não afetará o discurso anti-estrangeirismo, ao passo que dará de forma mais célere um perfil profissional para gestão. O dilema maior não é aceitar a turma da capital, mas a de Camaçari, que possui perfil mais político do que técnico.
Parafuso chato
Derrotados nas urnas, o prefeito de Camaçari e a prefeita de Lauro de Freitas tem feito de tudo para reduzir a folha e terminar a gestão dentro da margem de erro do limite prudencial, sem margem para ir parar nas mãos do TCM.
Parafuso chato parte 2
O corte a facão tem gerado insatisfação entre aliados dos gestores de Camaçari e Lauro, que alegam que ambas decisões podem ter reflexo em 2026, já que ambos esperam voltar o mais rápido possível para o jogo. Há quem garanta que a prefeita de Lauro tentará uma cadeira na ALBA, realidade mais tangível que uma em Brasília. No lado azul, há um movimento para demover o prefeito de Camaçari da ideia de também buscar uma cadeira na Assembleia. A avaliação é de que Elinaldo será mais importante na coordenação na campanha de ACM Neto ou Bruno Reis, do que na busca de votos para si e para o candidato. Dificil será convencê-lo disso, garante os mais próximos.
Alternativa
Sem Elinaldo na disputa, Flávio Matos seria o nome. A avaliação-geral é de que pela disputa polarizada de 2024, Matos poderá sair de Camaçari e região de 20% a 30% dos votos, mesmo com a máquina contra.
Unidos, pero no mucho
O movimento de união vendido por ACM Neto e pelo lado azul em Camaçari está longe de ser o retrato real. Entre os gestores a queixa era grande, não só pelo jeito de fazer política do ex-prefeito de Salvador. Muitos deixaram claro ali que estavam na empreitada por Elinaldo Araújo. A avaliação é de que ACM Neto para ter força para enfrentar Jerônimo Rodrigues, primeiro deverá vencer a si mesmo.