Em tempos de encontros e desencontros, Juca Aleixo retorna para mostrar que na política o apelo simbólico da mudança é e sempre será maior do que o resultado advindo dela.
Encontros e desencontros
Em Feira de Santana, a união antecipada dos candidatos serviu para liquidar o 2º turno. A força do pragmatismo falou mais alto em meio ao cenário criado com uma pesquisa que aponta para possibilidade de influência decisiva de Lula e do governador na eleição. Sabendo que Feira é a menina dos olhos do governador, a dupla azul resolveu juntar forças para unificar o grupo, possibilitando ações integradas via máquina. Com o cenário aberto, a eleição em Feira colocará à prova à força das máquinas estaduais e municipais e há quem garanta que o resultado do pleito poderá aposentar da disputa ao comando do município o Zé perdedor.
Encontros e desencontros parte 2
Em Lauro de Freitas, a decisão do vice-prefeito de virar de lado caiu como uma bomba e deixou a prefeita transtornada, segundo fontes de sua cozinha. O anúncio na convenção da rival catapultou a cerimônia ofuscando o lançamento do candidato do governo, que, apesar da lotação no evento, não conseguiu projetar o ato para fora da bolha. O processo de virada do vice-prefeito de Lauro teve a participação especial do prefeito de Salvador, que além de cuidar da sua eleição, tem atuado como conselheiro e articulista de uma série de candidaturas em várias cidades do estado. Preterido por Moema apesar dos anos de fidelidade, Vidigal não terá dificuldade para vender sua narrativa, que deve fazer frente aos rumores de traidor que começou a ser espalhados após o comunicado.
Emissário
Chamou atenção a ausência de lideranças políticas do time de Lula na convenção de Rosalvo. A presença do vice-governador Geraldo Jr. como emissário maior gerou frustração na turma que contava e que esperava ver ao menos uma das estrelas petistas: Wagner, Rui ou Jerônimo. A avaliação-geral era de que se compareceram em peso no lançamento, a turma do L iria aparecer com mais força ainda na convenção. A ausência da turma vermelha trouxe à tona o fantasma da falta de prioridade do município no rol dos petistas, endossado pelo fato do governador ter participado de uma convenção em um município sem expressão no mesmo dia.
Carga máxima
Chamou atenção a força total do lado azul na convenção de Débora Régis. Reunindo mais lideranças do que no lançamento, a expressão da unidade do grupo deixou claro que a tese do cinturão azul na RMS tem três cidades principais: Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari. A estratégia, que ficou claro no discurso das principais lideranças e no da própria candidata, é usar Salvador como vitrine, para minimizar a influência do presidente e do governador. A tática consiste em mostrar que com as contas em dias e com planejamento, os recursos vem à reboque, quebrando a dependência de recursos federais e estaduais para tocar os mínimos projetos no município.
Reação
Para esconder o sumiço da cúpula vermelha da convenção, o candidato à sucessão da prefeita de Lauro cobrou e vem publicando, como ‘day after’ da convenção, vídeos de declaração de apoios dos faltosos e de caciques de partidos aliados. O foco é estancar a sangria passando a imagem de que o time está unido e que nada muda com a virada do vice-prefeito. Até o deputado federal presidente do Republicanos, que não gosta muito de entrar no jogo político dos endossos de apoios, teve que entrar na dança após o vice-prefeito da cidade, filiado ao partido, resolver trocar de lado:
Termos do acordo
A decisão de Pablo Roberto levantou rumores sobre o seu futuro. Para além de espaços privilegiados na gestão, interlocutores garantem que Pablo só aceitou a vice após Ronaldo garantir que irá preparar uma transição para ele ser o próximo prefeito de Feira de Santana. Parcela de feirenses mergulhados na política do município acredita que a transição poderá ocorrer já em 2026, com Ronaldo saindo para disputar o Senado Federal, caso o cenário seja favorável para vitória de ACM Neto. Há quem aponte que após o processo da eleição de 2022, Ronaldo espera mesmo encerrar a carreira após dois mandatos em Feira, quando já estará com idade bastante avançada.
Pavimentado
O acordo firmado por Pablo Roberto teve a digital de Colbert Martins, que não esconde mais que após deixar sua cadeira na cidade tentará reassumir mais uma vez uma cadeira na Câmara dos Deputados. Colbert tem apontado que o futuro de sua vida política, como a de Ronaldo e do próprio Pablo, do grupo político como um todo, depende essencialmente da manutenção da Prefeitura de Feira de Santana, cidade satélite para vários municípios. Há quem aponte que a derrota em Feira poderá precipitar a aposentadoria tanto de Colbert Martins como a de Zé Ronaldo.
Apoios
Zé Neto deve anunciar nesta terça-feira (23) o apoio de dois importantes partidos: Agir e Rede. O ato contará com representantes da várias siglas da aliança e será uma demonstração de força após o comunicado da unidade do lado da Oposição.
Carga máxima
Diante do novo cenário precipitado pela união de Pablo e Roberto, Zé Neto tomou a decisão de se licenciar do mandato para mergulhar totalmente em Feira de Santana. Ele já comunicou aos aliados que fará um corpo a corpo jamais feito, pretendendo esquadrinhas os quatro cantos de Feira e de seus distritos. A estratégia será mostrar que não há neutralidade no município, apontando que de um lado está ele, Lula e Jerônimo, e de outro Zé Ronaldo, ACM Neto e Bolsonaro.
Vice?
A foto divulgada pelo governador Jerônimo, em Feira de Santana, onde aparece com Zé Neto de um lado, a secretária de Saúde Roberta Santana de outro e o presidente do PT ao fundo está sendo interpretado como um sinal tal qual a Proporção áurea. Petistas históricos defende que a chapa Zé Neto e Roberta Santana teria efeito bomba na militância e na cidade e seria uma resposta à altura ao anúncio de Pablo Roberto na vice de Zé Ronaldo.
Reviravolta
Dezinho (PMDB), ex-prefeito de Malhada, decidiu retirar sua candidatura e declarar apoio à chapa do pré-candidato a prefeito Gimmy (PT) vice Manoel Rufino (PSD). A mudança coloca a chapa que tenta reeleição no topo das apostas para vencer o pleito.
Duro recado
A fala do governador aos policiais, de que não aceitará partidarização no pleito, foi interpretado como um duro recado principalmente aos bolsonarista e aos chamados PMs influencers, que usam a farda para se tornarem figuras públicas ou para alcançarem cargos políticos. Desde o início do ano, há uma recomendação interna de punir os influencers, quer seja por declarações públicas em podcasts da vida, quer seja pelo uso da corporação e da atividade para outros fins que não seja o de garantir um cumprimento da lei e da ordem. Os bolsonaristas também estão na mira, muitos já foram identificados e serão punidos caso sejam flagrados em atividades político-eleitoral trajando emblema da corporação ou em período de serviço.
União
A Oposição em Simões Filho marchará unida. Após os avanços dos diálogos e da decisão da vice candidata (o) para Edson Almeida, o Irmãozinho, que deve ser um político conhecido no município ou uma conhecida evangélica da cidade, a turma deve anunciar ainda nesta semana que estarão em uma frente ampla.
Vai mudar?
Na esteira da deflagração da união, começou a surgir rumores de que Eduardo Alencar poderá voltar novamente ao páreo, substituindo Edson Almeida, anunciado por ele mesmo no mês passado. A mudança atenderia a uma suposta necessidade de uma candidatura mais forte no município, já que o deputado sempre apareceu na frente entre os candidatos.
A vez dela
Interlocutores apontam que a operação no Inema pegou o governo Jerônimo de surpresa e deu um susto daqueles no secretário da pasta. Há um receio de que o avanço sobre o esquema que segundo o MP atravessou gestões possa atingir uma figura chave da instituição que por anos ocupou o posto de comando no órgão e na pasta, até ser exonerada em 2023. A figura é tida como instável, o que liga o sinal vermelho acerca do que pode acontecer diante de uma eventual prisão.
CPI?
Apesar do recesso, já há parlamentares da Oposição no Estado que defendem em grupos de WhatsApp que o caso Inema vale uma CPI. A avaliação é de que a operação pode estar revelando um amplo esquema de venda de licença que promoveu milhares de empreendimentos em diversas partes do estado, principalmente à beira mar. Há parlamentares do mesmo bloco que não querem saber disso, apontando que o pagamento pela ousadia poderá ocorrer na mesma moeda.