Por: Beatrice Magalhães
2022 é o ano de Rock in Rio e Lollapalooza.
O retorno dos shows e festivais devido à melhora nos índices de contaminação da Covid-19 resulta numa maré de artistas e grupos internacionais passando em turnê pelo Brasil.
Nomes que vão de Justin Bieber a Coldplay, de Harry Styles a Iron Maiden e Metallica estão esgotando vendas de ingressos para apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, mas nenhum deles marcará presença em Salvador, nem mesmo em alguma cidade da região Nordeste. Em 2022, até então, apenas uma atração internacional passará por solo soteropolitano, a banda norueguesa de pop rock A-ha, que se apresentará na Arena Fonte Nova em 15 de julho.
O pequeno número de shows internacionais no Nordeste já é um problema antigo, mas que tem se acentuado nos últimos anos. São raros os artistas que decidem passar em turnê por cidades como Salvador e Recife e quase nunca se apresentam em outras capitais nordestinas. A verdade é que eventos musicais com atrações de fora do Brasil sofrem com diversas dificuldades desde o momento da contratação até a própria realização do show, especialmente quando não são em locações dentro do eixo central, ou seja, São Paulo ou Rio de Janeiro.

A falta de espaços adequados e as adversidades burocráticas são justificativas já conhecidas pelo público, mas os produtores afirmam que não só apenas esses fatores ditam a contratação ou não de um evento. A escassez de incentivos públicos e privados é um agravante que impossibilita, muitas vezes, a presença de atrações internacionais nas capitais nordestinas. Os custos envolvendo passagem, hospedagem, transporte de pessoas e estrutura, alimentação e segurança são muito altos, ainda mais quando as produtoras da região Sudeste cobram uma comissão para que as empresas locais contratem esses shows, resultando assim, em ingressos mais caros que afastam o público.
Atualmente, Salvador por exemplo, conta com vários locais para realização de eventos de médio e grande porte. A Concha Acústica, o Wet’N Wild, Parque de Exposições, o novo Centro de Convenções, além da Arena Fonte Nova, são espaços já frequentados pelo público de shows nacionais e que possuem estrutura suficiente para receber eventos inéditos, mas não parecem garantir por si só a contratação de atrações estrangeiras.
Outro ponto essencial para que os artistas e grupos internacionais não venham para o Nordeste parece se tratar da imprevisibilidade do público. Isso se intensifica na capital baiana, já que a comunidade de soteropolitanos que frequentam os shows promovidos na cidade tem gostos musicais muito específicos e regionais. Ao mesmo tempo em que uma atração de proposta diferente da popular pode lotar um estádio, pode ser, também, um grande fracasso de público. Muitas vezes, colocando na balança, não é lucrativo trazer tais artistas para cidades que possuem o mesmo perfil de Salvador.

O que resta ao grupo de fãs nordestinos de artistas “gringos” é fazer longas viagens para o Sudeste e arcar com diversos custos, além do ingresso do show em si. O ideal seria que todos os brasileiros, independente da região em que vivem, pudessem ter acesso a esses eventos culturais de forma igualitária, mas ainda parece ser uma realidade distante.
Por enquanto, em “Salvador City”, por exemplo, é possível aproveitar shows de músicos regionais e nacionais na programação cultural local. Esperamos que num futuro próximo tenhamos uma grade diversificada, com opções para todos os gostos.



