Força dos caboclos, medo de ter que responder à imprensa por escândalo de corrupção e até receio da ‘motociata’ ter baixa adesão, são diversos os motivos apresentados por parlamentares ouvidos pelo OFF News para explicar a ausência do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no ato marcado por apoiadores na Bahia para ocorrer nesta sexta-feira, quando é celebrado na Bahia o ato cívico em homenagem à independência da Bahia, o Dois de Julho.
No início da tarde, em um vídeo gravado ao lado do ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), Bolsonaro afirmou: “A Bahia que mora no coração de todo mundo, um grande abraço a todos vocês. E boa sorte na motociata de amanhã, que está lutando né e demonstrando além apoio aí aos interesses maiores do Brasil, lutando pela nossa liberdade. Valeu, baianos, até um outro dia, se Deus quiser”.
“Bolsonaro fez as contas se iria ter gente ou não no ato e embasou a decisão de não vir na matemática. Ele sentiu o peso do Nordeste e da Bahia, todo esforço e compromisso do governo Rui Costa no combate à pandemia, junto com os prefeitos, ele não iria se sentir bem. Tem a força da cabocla e do caboclo para afastá-lo, sabe como é o retorno do caboclos… ele que não venha brincar”, sinalizou a líder da Oposição na Câmara dos Vereadores de Salvador, Marta Rodrigues ao OFF News.

Esvaziamento
Tal qual a vereadora do PT, o deputado federal Jorge Solla (PT) acredita que Bolsonaro levou em conta o apoio que teria antes de decidir não vir à Bahia. Ele lembra que Salvador, em 2018, “como é todas as eleições”, foi a capital do país “que mais deu votos para o PT na disputa pela Presidência da República”. O político baiano afirma que a cidade segue rejeitando Bolsonaro, fato comprovado “pesquisa a pesquisa”.
Solla avalia que os atos organizados em favor de Bolsonaro “sempre foram marcados pela galhofa, com poucas pessoas e total insignificância política”, e avalia que “Bolsonaro é genocida, miliciano e corrupto, mas não é burro”.
“Justamente agora que seu governo não consegue explicar as graves denúncias de corrupção na compra de vacinas, num esquema que lhe envolve pessoalmente junto ao líder do governo na Câmara, se ele viesse desfilar no dia do Dois de Julho, sairia daqui enxotado, como foram os portugueses em 1823. Ia receber vaia e ovada de cada sacada de prédio, a gente nem ia precisar de drone para mostrar os poucos gatos pingados que topariam segui-lo nesse macabro cortejo de exaltação à corrupção e à morte”, ironizou Solla ao OFF News.
O petista provocou: “vamos ver amanhã quantas pessoas vão nesse ato, e depois comparar com dia 3. Vamos ver qual a opinião do povo baiano sobre o genocida”.
Astral
O colega de Casa e partido de Jorge Solla (PT), o deputado federal Zé Neto (PT), acredita que Jair Bolsonaro está sem “astral” para fazer comemorações” após ele e seu governo ir para no olho do furacão em Brasília, com denúncias de um amplo esquema de corrupção para aquisição de vacinas pelo Ministério da Saúde estourando a cada dia.
“O clima está tão ruim lá em Brasília que não sei se ele tem astral para vir fazer comemorações como vinha fazendo, comemoração que não sei de que, e que na verdade é uma espécie de manifestação política e de campanha. E aí, talvez a energia da resistência baiana, do Dois de Julho, tenha dito “não” a mais essa atitude que não condiz com o momento de tristeza que a gente vive”, destacou Zé Neto ao OFF News.

O parlamentar do PT avalia que uma ‘motociata’ nesse momento é temerária, já que é nas próximas semanas que a Bahia saberá se o São João terá tido efeito nos casos de contaminações e de internações pela Covid-19.
O deputado estadual Robinson Almeida (PT) caminha na mesma linha que os deputados federais do PT, destacando que Bolsonaro deve estar com medo de prestar contas à imprensa sobre os atos de corrupção em seu governo.
“Eu creio que ele está com vergonha em relação às denúncias de corrupção, evitando o contato com a imprensa para eventualmente, quando for questionado, não ter como fugir do debate da corrupção do governo. Está se retraindo, esperando passar essa tempestade, está vivendo o pior momento do governo até aqui”, sinalizou Almeida ao OFF News.
Apelando para os símbolos do Dois de Julho, o petista avalia que uma ‘motociata’ neste momento da pandemia é lamentável: “A cabocla e o caboclo devem estar se revirando no túmulo diante desse ato de insanidade”.
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