O secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo Mandarino, afirmou, durante coletiva da pasta na manhã desta segunda-feira (10), que em nenhum momento os funcionários do Atakarejo, em Amaralina, solicitaram o apoio policial após flagrar os jovens Bruno e Yan Barros da Silva roubando carne no supermercado.
A afirmação foi feita durante uma coletiva no final da manhã desta segunda-feira (17), onde fizeram um balanço da Operação Retomada, realizada na manhã desta sexta-feira na sede do supermercado, no Nordeste de Amaralina em Fazenda Couto, onde os jovens moravam. Três seguranças do supermercado e quatro traficantes foram presos.
Além de não levarem os jovens até uma autoridade polícia ou acionarem os agentes da segurança pública, os seguranças do supermercado registraram uma espécie de ocorrência interna, administrativa, para narrar os fatos, como forma de se blindarem do ocorrido.
“Eles não têm poder de polícia. Podem fazer ocorrência para responsabilizar funcionários. Não podem tomar providência através de uma ocorrência interna, tinham o dever de comunicar à polícia. Não podemos dizer que tinha alguém do Atakarejo que foi partícipe, que foi leniente, podemos supor que sim”, destacou Mandarino.
O secretário afirmou que diante das comprovações dos fatos através das investigações, os familiares das vítimas tem “toda razão” em buscar uma responsabilidade civil, uma indenização pela morte dos seus familiares, deflagrada após o ato dos seguranças do supermercado.
“Responsabilização civil. Na minha opinião, de cidadão, é de que tem que ter responsabilidade civil também. Muito provavelmente, a família das vítimas, vão buscar, se tivesse no lugar, entraria com ação de indenização. É uma obrigação do supermercado orientar bem seus funcionários. Contratar uma empresa de segurança e saber como a empresa trabalha, que atitudes costumam tomar. De coibir abusos. É a segunda ocorrência. As primeiras vítimas não denunciaram pois ficaram com medo. Segunda vez que acontece isso e não podemos desconsiderar”, ressaltou Mandarino.
O comandante da SPP-BA acredita que o ato, de entregar os jovens negros à morte através de um tribunal paralelo, é um dos resultados do racismo que impera no Brasil. Ele comparou o caso ao de uma mulher branca que foi flagrada por câmeras de segurança furtando um queijo em um supermercado em Piatã, e que não foi sequer parada pela segurança.
“Temos uma cultura racista. Tratam as pessoas negras de forma desrespeitosa. Vio que esses jovesn eram negros e tinha cara de pobre, e mandaram matar, entregaram para o pessoal do crime. Isso é um absurdo, tem que acabar, não podemos ser tolerantes com o racismo”, desabafou Ricardo Mandarino.
Leia também:



