Rádio Peão: Cinturão de fogo

Em tempo de fechamento de janela, Juca Aleixo retorna com sua pena de ganso para narrar o que todo mundo já sabe, que na Bahia há sempre portas abertas, de um lado e de outro, para receber os insatisfeitos.

Cinturão de fogo

A tese de um cinturão para o 44 em volta do quartel general do ex-Prefeito, a capital do estado, está deixando sua base em chamas. O cinturão, que já está conhecido como de fogo, tem sido visto como uma tática que pensa mais em seu futuro do que no presente de aliados. A avaliação é de que os louros deveriam ser compartilhados, fortalecendo mutuamente os partidos que, em 2022, caminharam com ele, principalmente os que estiveram do início ao fim.

Balão de ensaio

A manifestação dura do presidente do PDT após o desfecho do caso Débora Régis foi interpretado por aliados do Ex-Prefeito e, segundo interlocutores, por ele próprio, como um grande balão de ensaio para um possível reingresso no grupo do PT. A avaliação é de que se ele precisava de um motivo para construção de uma narrativa para o desembarque, não precisa mais. Há quem garanta que o Professor estaria de portas abertas para receber o partido, mesmo pairando a dúvida sobre onde alocar. Os mesmos apontam que após o pleito, o Professor não vai demorar a mexer no espaço de um partido aliado em especial, considerado grande demais para o seu tamanho. A migração do PDT seria um duro golpe para os planos de 2026 do ex-Prefeito.

Onda azul

Há quem avalie que a tática do Cinturão e da pulverização de candidaturas do União Brasil pelo estado também servem para preparar o terreno para o cenário nacional, de 2026. Interlocutores apontam que o ex-Prefeito é o principal promoter da candidatura de Ronaldo Caiado a presidente. Com Caiado na disputa, Neto poderá ter um nome nacional em seu palanque, resolvendo o grande dilema de 2022. Alinhado com as pautas conservadoras e tendo o Goiás como case de sucesso, Ronaldo Caiado tem sido tratado como um forte candidato para representar tanto os antipetistas quanto os bolsonaristas. A crença é de que se a desidratação de Lula continuar, até no estado mais lulista, que é a Bahia, isso terá um efeito.

Lauro em chamas

Cidade pivô da crise no lado azul, Lauro de Freitas tem gerado problemas na arrumação política tanto para oposição como para o governo. A escolha da chapa puro sangue da oposição foi a única medida encontrada prevendo um cenário onde a candidata mais forte saia do páreo, via justiça. Caso se confirme a inelegibilidade mediante cassação, todos os olhares se voltarão para ex-vereador que será anunciado como vice na próxima semana, que terá que construir e vender bem a narrativa de perseguição para população de Lauro. Articuladores da cidade acreditam que só assim para eles obterem a vitória.

Bolo cortado?

A ausência de tensão por parte do CEO do Atakarejo e da ex-deputada levantou questionamentos e alimentou a tese de um suposto acordo que prevê a entrega da Educação para um e da Saúde para outra. Ambos acreditam que poderão, com essas máquinas na mão, se elegerem para o Legislativo, tanto estadual, quanto nacional.

Lauro em chamas 2

Pela base do Governo, a situação também não ficou bem resolvida. Há quem garanta que a escolha de Moema Gramacho para sucessão rompeu um acordo construído com os cabeças do grupo no Estado, que decidiram entregar ao Avante a indicação da candidatura na cidade. Interlocutores apontam que essa tese estava em vigor até a sexta-feira, e que sua derrubada ocorreu de forma unilateral, o que irritou profundamente o possível candidato, o presidente do Avante, o Correria e o ex-Serin e candidato do PT na cidade vizinha. Há quem garanta que o movimento de Moema ocorreu com a leniência do Galego.

Furacão

E o Correria teve uma semana daquelas. O retorno à baila do caso dos respiradores foi visto como mais um recado dos amigos do Governo e partido que estão de olho em sua cadeira e na sua relação com Lula. Por outro lado, subitamente, começou a correr notas de uma possível chapa imbatível com ele, Wagner e Jerônimo. As notícias apontam que o Correria, em caso de criticas à PTetização da chapa com os três, teria o Avante como caminho natural para disputa. Semana de baixos e altos.

O que é isso, companheiro?

A atuação pré-eleitoral do líder do Governo na ALBA tem irritado integrantes de vários partidos da base aliada, inclusive alas do próprio PT. A avaliação é de que ele está construído um bloco de apoio visando Brasília, e que isso tem afetado composições que poderiam ser feitas em redutos eleitorais considerados de solução tranquila. Em uma cidade, convenceu o presidente da Câmara a ir para disputar. Em outra, articulou para o presidente do partido migrar para outro para ser vice.

Acordão

A virada de Tonha Magalhães para o bloco do PT, em meio a um suposto acordo com Pitágoras, pegou de surpresa e enfureceu a base Netista. A avaliação é de que a mãe desconsiderou o filho ao tomar a decisão. E não foram poucos os que defenderam a degola do rapaz da PMS. Segundo consta, ela abriu interlocução via um ex-deputado e ex-secretário de ACM Neto, hoje quadro com poder de decisão no Avante. Com o fim do acordo de lá, começa a se especular um acordo de cá, dela com Marivalda, candidata do PT, para quem tiver melhor na pesquisa, até a convenção, ser a candidata e a outra a vice. A possibilidade de união das duas candidatas coloca pressão sobre o prefeito e seu candidato, que ainda é desconhecido por grande parte dos munícipes.

De volta ao Páreo

A decisão do TRF-1 pela nulidade do julgamento de uma apelação que discutia a legalidade do abastecimento de combustíveis pela prefeitura de Eunápolis, no ano de 2006, que tornaria Robério Oliveira inelegível, jogou gasolina no incêndio da política local. A prefeita Cordélia não contava com a reversão da situação do adversário de 2020. Como apostou todas as fichas na eleição de ACM Neto e Bolsonaro, a gestora viu o município ser, dos maiores do estado, um dos mais desassistidos em ações do governo, o que impactou na sua popularidade. Entre os candidatos prioritários do PSD, Robério, ex-prefeito da cidade, conta ainda com a força da candidatura casada com a da esposa, em Porto Seguro, para regressarem juntos aos comandos dos executivos.

Alinhado

Se há um ano a situação era cômoda para o candidato com apoio de Jerônimo, interlocutores têm olhado com muita preocupação o cenário de hoje em Teixeira de Freitas. O prefeito, que chegou a ensaiar um movimento de aproximação com o Governo, e que foi barrado por gente interessada na eleição de lá, conseguir dar a volta por cima após ficar sob ataque até do irmão vereador, e recuperar sua boa avaliação com um movimento de obras e ações no município. Para sacramentar, resolver retomar laços com ACM Neto, que foi vitorioso na cidade, em 2022. A alternativa que restou para o ex-deputado federal candidato do Governo é vender para o governador que a cidade é estratégica para sua reeleição em 2026, podendo atuar como um farol vermelho no meio do mar azul da região.

Chateado

Aliados próximos apontam que o sumiço do presidente da ALBA nas últimas votações, algumas delas de bastante interesse do Governo, a exemplo da do empréstimo, foi motivado pala fala do governador Jerônimo Rodrigues, que citou preocupação ao tratar da possibilidade de não oxigenação no comando da Casa. A sinalização tem sido usada pela candidata para conquistar votos, apontado como prova de que não há acordo nenhum entre os caciques para o atual ocupante da cadeira seguir no posto.

Bahia sem Paz

Apesar de ter chegado na Casa há quase um mês, o PL que estabelece o novo Pacto pela Vida na Bahia, chamado de Bahia pela Paz, não avançou na ALBA. Não teve ainda sua urgência aprovado e ainda não foi tema de nenhuma audiência e nem debatido em comissões. Já tem gente reclamando que os deputados estão tirando a paz dos baianos,.

Deus nos acuda

As horas finais da janela partidária em Salvador foi marcada pela tensão. A situação ficou caótica principalmente no União Brasil, que teve vereador de mandato adentrado ao partido aos 45 do segundo tempo, quebrando um suposto acordo de barrar quadros com mandato. O desespero foi tão grande para um parlamentar que ele resolver recorrer à mãe do ex-Prefeito, narrando para ela toda situação e solicitando de forma urgente um contato com o filho.

Sem sucesso

Narra-se que em meio à janela, um certo parlamentar de Salvador, vendo dificuldade para se eleger no time do capitão dada concorrência, tentou conseguir, mediante influencia do pai, o comando de um partido federado em Salvador. A situação foi descoberta pela dupla que conduz o partido e o movimento acabou naufragando.

Devedor

Outro parlamentar cuja migração era dada como certa, acabou ficando na legenda. Há quem culpe o estouro da crise pelo fato, e olha que o parlamentar em questão não goza do apreço do presidente, já que na eleição ele decidiu caminhar com outro federal. Há quem garante que o pior não foi a escolha dele, mas o fato dele ter se comprometido com muita gente e só cumprido com um.

Barateamento

O fato do líder ainda não ter se apresentado como um grande player econômico na disputa prejudicou um grande número de lideranças que esperavam resolverem a vida com essa janela partidária. O que se viu foi uma negativa geral aos pedidos elevados e muitos tiveram que aceitar o que foi ofertado. Teve gente que rompeu e que pediu mais de um milhão, garantindo que levaria todo partido com ele e no final só entregou velhos conhecidos da política da capital, fomosos pela dificuldade para se elegerem. Apesar da entrega, há quem garanta que ele foi bem contemplado, o que já gerou ciumeira. Outros resolveram sair da base do prefeito após conseguir um confortável recurso e a possibilidade de espaços em uma certa fundação controlada por um partido da esquerda.

Quem são:

Ex-Prefeito: ACM Neto

Professor: Jerônimo

Galego: Jaques Wagner

Correria: Rui Costa