Ex-governador da Bahia, ex-deputado federal e atual senador da República, Otto Alencar (PSD) concedeu entrevista exclusiva ao OFF News onde falou sobre sua atuação na CPI da Pandemia, fez uma avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e tratou do seu futuro político, diante do fim de seu mandato no Senado Federal em 2022.
Senador, o Ministério da Saúde reconheceu há duas semanas a ineficácia do uso dos remédios do chamado kit Covid, Ivermectina, Hidroxicloroquina, Cloroquina e etc, contra o novo coronavírus, como a ciência já havia feito desde de 2020. Como o senhor avalia esse reconhecimento tardio?
Olha, o ministro da Saúde no período de Pazuello foi o presidente, ele foi um boneco de ventríloquo do que dizia Bolsonaro. Se ele achava que hidroxicloroquina funcionava, Pazuello também achava. Aí entrou o Queiroga, e até demorou um pouco para reconhecer isso, o que é lamentavelmente. Importante que terminou tirando do site a informação de que o kit Covid que é eficaz contra o coronavírus. Foi um reconhecimento tardio, o que é lamentável; mas fazer o que? Se durante todo esse período o ministro da Saúde era o presidente, ele que era o orientador da área de saúde, o presidente e gabinete paralelo que orientavam Pazuello.
Como você avalia os trabalhos da CPI da Pandemia até aqui? Existe prova de que havia corrupção no governo Bolsonaro?
Existem sim. Além dos crimes sanitários, previstos no artigo 268 do Código Penal, houve omissão e ações ineficazes. Tudo isso resultou em falta oxigênio, uso do kit covid, estímulo a imunidade coletiva que levaram tantas pessoas a óbito; além disso, a corrupção comprovada na compra da Covaxin, via empresa Precisa, que atuava com um agente de lobby no Ministério da Saúde. E prova disso foi o afastamento do sr. Roberto Dias por corrupção, do sr. Élcio Franco e de outros tantos que trabalhavam internamente no Ministério da Saúde, e outras tantas ações. A CPI descobriu muitas empresas que tinham uma ascendência muito grande dentro da estrutura do Ministério da Saúde.
Acredita que com isso há base para abertura de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro?
A prevaricação ocorreu, está confirmado que ele tomou conhecimento através dos irmãos Miranda, da tentativa de pagamento antecipado e não tomou providência. Agora, o impeachment entra pela Câmara dos Deputados e termina no Senado Federal, e vai depender da Câmara dos Deputados se aceita ou não um dos processos protocolados por lá; agora, provas [de crime do presidente] já temos sim.
O nome do senhor tem sido defendido por membros do PSD e de legendas amigas como o candidato ao governo da Bahia em 2022. O presidente do PSD chegou a defender o seu nome para uma candidatura nacional. Em 2022, a que cargo Otto Alencar pensa em se candidatar?
Eu não tenho bola de cristal, digo que não serei elemento que vai desagregar o grupo, vou procurar sempre unidade, não tenho ambições por cargo, me sinto muito bem contemplado sendo senador. Vamos aguardar os fatos, a coordenação das eleições de 2022 estará a cargo de Rui Costa. Como todo governador, ele terá a prerrogativa de fazer sua sucessão. Estarei buscando a unidade no grupo. Agradeço a todos por lembrarem do meu nome, é cedo para decisões dessa natureza.
Acredita que em 2022 o grupo formado pelo PSD-PT-PP enfrentará o maior desafio político dos últimos 16 anos, em um possível duelo nas urnas com um candidato bem avaliado em pesquisas e que deixou o comando da Prefeitura de Salvador com altos índices de aprovação?
Não sei, temos que aguardar chegar a hora certa para saber. Nunca vi um tempo onde as pessoas se precipitassem tanto em relação ao que irá acontecer. Eu não tenho bola de cristal, nem Pitonisa, não consulto Oráculo de Delfos e nem fico imaginando o que irá acontecer lá na frente. É muito cedo, não sei para que tanta agonia com essa sucessão como agora, estamos no meio do ano 2021 e não se fala de outra coisa que não a sucessão de Rui Costa.
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