A valorização da cultura e da história dos povos ribeirinhos que vivem às margens do Rio São Francisco também é um dos objetivos da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) em Sergipe. No último dia 28, a coordenação da fiscalização visitou o Monumento Natural da Grota do Angico, unidade de conservação estadual, durante a celebração da Missa do Cangaço. As Equipes Patrimônio Cultural e Comunidades Tradicionais e Gestão e Educação Ambiental também participaram da visita.
O evento é realizado há 26 anos no local onde Lampião, Maria Bonita, outros nove cangaceiros e um policial militar morreram em 28 de julho de 1938. A missa, organizada por familiares dos mortos, celebra a memória dos envolvidos no acontecimento e a história da região.
Desde 2007, o governo do Estado de Sergipe mantém a área como unidade de conservação, o Monumento Natural da Grota do Angico. Já o local dos assassinatos é registrado como Sítio Arqueológico pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan).
A Grota do Angico é uma baixada, entre pedras da Caatinga, onde passa o Riacho Angicos e onde o bando do cangaceiro Lampião costumava se esconder. Fica a cerca de 700 metros da margem do Rio São Francisco, no território de Sergipe, entre os municípios de Poço Redondo e Canindé do São Francisco. A área é de Caatinga preservada e atrai turistas e pesquisadores de todo o mundo, interessados tanto na riqueza histórica quanto na biodiversidade do local.
FPI – O promotor de Justiça Sandro Costa, coordenador da FPI, destacou, durante a visita, a importância do local para a história e a cultura de Sergipe, e que o trabalho da FPI para valorização da história e da cultura é fundamental. A procuradora da República Aldirla Albuquerque, que também coordena a FPI, afirmou que o programa não tem caráter apenas fiscalizatório e repressivo, mas também de proteção e incentivo à cultura, à história e à tradição das comunidades ribeirinhas. Lembrou também da importância da preservação do sítio arqueológico registrado no local e da proximidade da área com o Monumento Nacional do Rio São Francisco, área de preservação federal entre os estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas. “Esta é uma área riquíssima em história e crítica para a conservação do meio ambiente na Bacia do Rio São Francisco”, enfatizou.
O coordenador da Equipe Patrimônio Cultural e Comunidades Tradicionais, Marcos Paulo Lima, destacou que a Grota do Angico é um bem histórico cultural e natural, protegido pela Constituição do Estado de Sergipe e que conta a memória do cangaço. Ainda de acordo com o coordenador, o local desperta o interesse de visitantes o ano inteiro, mas o momento da Missa do Cangaço atrai centenas de pessoas ao local. “Este é um monumento que tem importância significativa para o patrimônio natural, histórico e arqueológico, e que faz parte da história do Brasil”, completou.
Monumento Natural da Grota do Angico – O Monumento Natural (Mona) Grota do Angico, unidade de conservação estadual criada por meio do Decreto 24.922 de 21 de dezembro de 2007, está situado entre os municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, às margens do Rio São Francisco. A região abriga remanescentes florestais da Caatinga hiperxerófila densa. Com área total de 2.248 hectares, o Monumento Natural Grota do Angico foi criado com objetivo de preservar o sítio natural da Grota do Angico e elementos culturais associados, mantendo a integridade dos ecossistemas naturais da Caatinga para o desenvolvimento de pesquisa científica e educação.
Monumento Natural do Rio São Francisco – Nas proximidades da Grota do Angico, fica o O Monumento Natural do São Francisco, também conhecido como Mona do São Francisco, uma unidade de conservação federal criada em 2009 que contempla os estados de Alagoas, Bahia e Sergipe, com abrangência dos municípios de Delmiro Gouveia, Olho D’Água do Casado, Piranhas, Canindé do São Francisco e Paulo Afonso.
A área compreende 26.736,30 hectares e tem como objetivo principal preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
O Mona São Francisco apresenta para a região um inestimável valor biológico, que abriga
importantes remanescentes florestais de caatinga de fisionomias de mata ciliar, caatinga arbórea, arbustiva e vegetação rupestre, com alta diversidade de flora e fauna.
*Ascom FPI/SE
Fonte: Ministério Público Federal