Rádio Peão: O Enigma do príncipe e o Xeque-mate
O Enigma do príncipe
O compasso de espera do ex-prefeito de Salvador tem deixado aliados preocupados e membros da cozinha incomodados. A avaliação é de que Neto já deveria ter ido a campo, até como uma forma de reagir à narrativa de debandada de apoio em curso pelo Governo desde o ano passado, e que está se disseminando nos quatro cantos da Bahia. Em que pese as divergências acerca da forma das aparições públicas do virtual candidato, muitos avaliam que a pré-campanha do ex-prefeito já deveria ter começado, tal qual ocorreu em 2021. Esperançosos apontam que suas recentes entrevistas em rádios da capital e interior, na semana passada, foram indícios de uma preparação para uma ida à campo.
Duas Torres
Na esteira da ausência física de Neto, prefeitos do interior já começam a decodificar que seu radar talvez esteja voltado para Brasília, em uma campanha ao lado de um presidencial, em 2026, e os olhares se voltam para o prefeito de Salvador, Bruno Reis, que tem subido o tom nas críticas, tanto ao governador como ao governo do Estado, o que tem chamado atenção de quadros de articulação do Governo, que já o colocam entre os possíveis adversários do governador.
A Câmara Secreta
Inspirado na tática do ex-governador Rui Costa, Jerônimo tem inaugurado o que tende a ser o maior programa de assistência aos prefeitos da Bahia. Os gestores têm sido estimulados a levarem demandas e projetos para os encontros, e as informações que chegam é que já saem do Centro de Operação e Inteligência, a Nova Governadoria, com ao menos uma demanda atendida, com o compromisso de entrega do próprio Jerônimo. O movimento do governador tem surpreendido principalmente os prefeitos de Oposição, ligados a ACM Neto ou aos seus deputados, que, apesar de alguns deixarem claro que pela relação ou contexto do seu município não poderão lhe fornecer palanque, ele tem tratado como os da base garantido atendimento. E na esteira dos encontros o governador tem assegurado, sem saber, a não interferência na eleição de 2026, o que, em alguns município, é capaz de dar muito mais votos do que uma declaração pública de apoio.
A Ordem da Fênix
Preparando terreno para sua candidatura, Rui Costa tem retomado sua posição como o principal conselheiro técnico de Jerônimo Rodrigues. Desde o trato com os prefeitos até os encaminhamento das ações no Estado e principalmente, de olho naquilo que pode se transformar em um gargalo para 2026.
Suplente
E ainda falando do Correria, os rumores que chegam é que já há martelo batido para sua suplência na chapa, que será exercida pelo presidente do Avante, Ronaldo Carletto.
Carta na manga
Com o Orçamento nas mãos, Coronel espera obter dividendos pela entrega do que deve o instrumento de guerra para reeleição de Lula, engatilhando também a sua. Defensor de primeira hora das emendas, ele deve ser um dos pais do movimento de liberação, que deve ocorrer após o Carnaval. Ao comunicar o prazo de março para votação do Orçamento, faz o gesto que o governo Lula esperava para sentar na mesa.
Novo Fôlego
A declaração do senador e presidente do PSD, Otto Alencar, de que o partido priorizará à reeleição do senador Angelo Coronel reascendeu tanto a militância da sigla quanto seu corpo político. Vereadores, prefeitos e deputados são unânimes na avaliação de que o partido, pelo tamanho e trajetória, tem plenas condições de garantir sua cadeira no Senado, o que para muitos é pouco perto do que a sigla se tornou, tanto na Bahia quanto no Brasil.
Game Over na Clean
Apesar do processo ter caído na mão de Flávio Dino, no STF, a eleição de Alcolumbre ao Senado Federal é a garantia de que se tiver sobrevida, a Overclean focará nos peixes pequenos. A expectativa de que a operação se tornasse a nova Lava Jato e servisse de fio de novelo para abrir a caixa preta das emendas não deve se concretizar. Há quem garante que com o Game Over, a operação será mais uma a ser usada para mandar recado ou para fragilizar adversários.
Caminhos
O futuro político do presidente do PL na Bahia virou uma incógnita. Há quem aponte que o caminho será de retomar o mandato entregue para esposa. Outros avaliam que Roma pode peitar uma candidatura ao Governo do Estado e assim reelegê-la. Em caso de embaralho do cenário, analistas apontam que o próprio Roma poderá assumir a missão da candidatura de Oposição ao PT no Estado, com o apoio do seio carlista.
Xeque-mate
O Xeque-mate dado pelo presidente da Câmara ao tomar o controle do comando da principal comissão da Casa contou com o sono dos que pleiteavam o comando da CCJ. Sem entender o movimento, apesar dos indícios, só foram alertados quando a operação já estava sacramentado. Há quem garanta que a operação só teve sucesso por conta da leniência de um parlamentar do União, que viu que seria preterido para o comando da pasta. Narra-se um movimento para tentar reverter a operação, com o oferecimento do que quisesse ao presidente para abrir mão, Sidinho, atendendo ao interesse do consórcio parlamentar, respondeu de pronto que só queria comandar a comissão, coisa que o Palácio não poderia entregar.
Fumaça Branca
E a fumaça branca foi acesa tanto no Palácio Tomé de Souza quanto na Assembleia Legislativa Municipal. O sacrífico para não entregar a Educação reconfigurou o jogo de poder das secretarias. A manutenção de Tiago Dantas na pasta é a garantia de estabilidade tanto na gestão, quanto na política. Como Tucano é bicho guloso, há quem garanta que a barriga só vai ficar cheia quando o partido obtiver as duas importantes superintendências.
Saúde
A entrega da Saúde, a ser concretizada na manhã da próxima segunda-feira (9), é a primeira etapa de um puxa-estica que deve continuar na pasta com a divisão do bolo. Os pedidos para manutenção de grande parte dos quadros e dos contratos poderá trazer grandes problemas, dada vontade da turma nova de participar do bolo. Um estadual com pomposos contratos na pasta espera, com a manutenção deles, ter fôlego para virar federal. E há também um federal que já passou por ela que espera manter seus espaços para fazer o enfrentamento em 2026 e sair da capital como em 2022, bem votado. Além dos deputados, há interesses dispersos que podem juntos entornar o caldo.
Transalvador
Com uma secretaria para chamar de sua, o presidente da Câmara deve indicar seu fiel escudero para missão. O chefe de gabinete Diego Brito cresceu em sua gestão no Legislativo Municipal, sendo hoje considerado um importante player de articulação e interface dentro e fora da Casa. Homem de missão, Brito já tem procurado se aprofundar no conhecimento da pasta e da gestão.
Arsal
Outra pasta a ficar sob o comando dos tucanos é a Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador. O nome cotado para pasta é o do primeiro suplente do PSDB, Felipe Lucas, que não conseguiu se eleger e que, com a negativa da criação da pasta de Esporte pelo prefeito, deve mesmo ser alocado na agência.
Semge
Com a vacância na Semge, correu os rumores de que a pasta poderá ser o caminho para o vereador Alberto Braga, nome do União Brasil, virar secretário, fazendo com que o primeiro suplente, Palhinha, possa retornar ao mandato. O retorno de Palhinha é compromisso do prefeito Bruno Reis. Braga já comandou a Companhia de Governança Eletrônica de Salvador (Cogel). Além da Semge, que segundo importantes analistas poderá se manter nas mãos do PSDB, Braga poderá ser abrigado na Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (Semit).
Desafio
O ex-comandante da Transalvador deve assumir a SEMOP. Curinga da gestão e ligado a Prates, Décio tem demonstrado a capacidade de performar bem nas pastas por onde passou. A avaliação geral é que, nas pastas onde não se destacou, não comprometeu.
Retorno
Após bater na trave na eleição e ver o circulo se fechar no PDT, Zilton deve mesmo retornar ao comando da Codecon, um dos braços da Semop. Pela expressiva votação, Prates ainda trabalha nos bastidores para fazê-lo vereador.
Missão
Principal coringa da gestão, outra que deve retornar para o comando de uma pasta é a vice-prefeita Ana Paula. Ana deve assumir rumos da Cultura em Salvador, após performar com êxito na Saúde e na Sempre, sendo a última cotada para o retorno. Ana já possui um ótima relação tanto com os fazedores de Cultura, quanto com os empresários do setor, e tenderá a manter o perfil mais técnico que político, sua marca registrada, e apontado por muitos como o às na manga que explica o sucesso por onde passou. A Cultura deve receber um grande aporte do Governo Lula, que deve trazer holofotes para ações da pasta.
Amém
Quem também ficou feliz com a segunda parte da reforma promovida por Bruno Reis é o partido dos Bispos. O Republicanos terá, enfim, a DESAL, importante braço de atuação política e econômica da gestão. Com a entrega da empresa pública, o vereador Luiz Carlos deve retornar para Seinfra, abrindo vaga para o retorno de Beca ao Legislativo.
Sem Via
Com a oficialização da saída da Via Bahia, muitos parlamentares que operavam com ele já estão se articulando para chegar junto com a próxima. A turma também espera ser compensados com a quebra de contrato e, assim como vai acontecer com a empresa, receber pelo período contratualizado e não pelo trabalhado.
Movimento Kamikaze
O movimento de ataque de membros ligados Teobaldo contra gestão Débora Régis, no início da arrumação da casa, está sendo visto por apoiadores como Kamikaze. Com planos para o futuro, o empresário poderá estar matando sua candidatura pela ânsia de ampliar seu poder político e capital no início da gestão. Perder para ganhar não está no dicionário do empresário, o que o fragiliza ainda mais; sem falar da cabeça na lua de muita gente do lado dele, que está discutindo sucessão no início da gestão. A história mostra que os primeiros a se colocarem são os últimos escolhidos.
Fogo contra fogo
O movimento de trava da Câmara de Camaçari poderá ter efeito reverso caso o Orçamento não seja liberado logo após o Carnaval. A disseminação na cidade que a falta de ônibus, de remédios e médicos e de material escolar e professores é por causa do grupo que comanda a Câmara de Camaçari poderá respingar no candidato dele, que espera se eleger, em 2026, com ao menos 30 mil votos na cidade. É melhor a turma esquecer da política e trabalhar, já que tem mais a perder do que a ganhar abraçando sonhos futuros.
