Exclusivo: Proposta de Ciro Nogueira para atrair Bolsonaro ao PP tem exceção de palanques na Bahia e Pernambuco por força de Leão e Fontes
O acordo para entrega do Partido Progressista a Jair Bolsonaro (sem partido), costurado pelo atual comandante da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), prevê a liberação de dois estados do compromisso de fornecer palanque para o presidente: Bahia e Pernambuco.
Nos dois estados do Nordeste, os diretórios do PP são aliados de longa data dos partidos de esquerda, PT e PSB, que controlam à máquina estadual há anos e possuem em sua sigla caciques fortes: João Leão e o deputado federal Eduardo da Fontes.
Na Bahia, o vice-governador e presidente já declarou apoio ao ex-presidente Lula na corrida presidencial. Pelo histórico na sigla de centro-direita, Leão teria força para ir contra recomendação do diretório nacional sem sofrer com isso sanções.
O deputado estadual Robinho, recém desembarcado da base do governador Rui Costa (PT) e que já se tornou um dos nomes de confiança de Bolsonaro no estado, fez uma sondagem para saber os limites da extensão do proposta para o presidente ingressar na sigla durante sua visita à Brasília.
Questionado se Bolsonaro terá aval para unificar o PP em torno dele, o parlamentar da Assembleia Legislativa da Bahia respondeu:
“Olha, dentro do que conheço do PP, o partido fará concessões. Bolsonaro iria para o partido, mas isso não significaria que 100% do partido iria ficar com Bolsonaro. Estive em Brasília e fiquei sabendo que dois estados o Ciro Nogueira abriria mão, deixaria o partido livre para unir a quem o diretório regional quisesse: Bahia e Pernambuco. Agora, esses acordos não sabemos como são feitos, se isso foi só discutido e ainda não teve o caso concreto, a filiação, são apenas especulações”, pontuou Robinho.
Apoio
O parlamentar do PP é defensor da candidatura de João Leão ao governo da Bahia e vê no palanque de Bolsonaro uma chance do cacique da sigla na Bahia ser eleito: “para Leão, que está pensando em ser candidato a governador, ele teria uma palanque. São palavras do deputado Robinho, com Bolsonaro, Leão teria identidade própria, um palanque, o que não tem hoje”.
O político rebateu a afirmação do governador Rui Costa (PT), de que com Bolsonaro a sigla teria dificuldade para eleger bancada.
“Olha, se Bolsonaro for para o PP, o partido deve ter uma troca de peças, porque grande parte dos estaduais são subservientes ao governador e esses vão ter que sair do partido, e com certeza outros irão para o partido. Olha, é tudo suposição, e tem o acordo de que em alguns diretórios não se mexeriam, mais aí o governador, é claro, não vai querer que seus subservientes permaneçam no PP. Eu já sou o contrário, sou eleitor Leão, se ele for com PT em 2022 eu não vou. Já avisei a Leão que se ele for candidato, fico com ele; se continuar aliança com o PT, estou fora. A chegada dele irá fortalecer o partido, e sei que para combater o PT, só mesmo o Bolsonaro”, destacou Robinho.
Divergências
Em entrevista exclusiva ao OFF News, o político baiano havia sinalizado sobre o seu poder de veto ao ser questionado se Bolsonario chegaria para controlar toda sigla:
“O diretório nacional sou eu. Sou vice-presidente nacional do partido, 1º vice, então, não tenho receio; agora mesmo falei com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e realmente ele pediu licença da presidência, e quem ia assumir era eu, mas não assumi pelas responsabilidades que tenho como secretário e vice-governador. De maneira nenhuma teremos problemas [com o apoio ao PT e não a Bolsonaro]. Além disso, temos o deputado Cacá Leão, líder da bancada no Congresso, temos o deputado Ronaldo Carleto, Cláudio Cajado, Mário Negromonte Jr, quatro grandes deputados do partido, e não temos o mínimo de receio”, destacou Leão.
Já o vice-líder de Jair Bolsonaro na Câmara, o deputado federal Cláudio Cajado, também em entrevista ao OFF News, afirmou que não vê condições de um apoio a Lula ao Jair Bolsonaro adentrar na sigla.
“O Bolsonaro vindo, teria que de fato colocar essa questão do apoio nos estados para que houvesse uma conversa no plano estadual, mas também federal. Se o adversário for Lula, não vejo como possa ter aliança na Bahia e em outros estados entre o PP e o PT, na minha opinião. O PP no plano federal com candidato próprio a presidente e nos planos estaduais coligados com o adversário? É complicado, eu não vejo como; O PP aqui na Bahia com o PT, com Lula no palanque, não tem como, essa hipótese não vislumbro, estou falando por mim, mas há uma lógica demanda aí que não tem como conciliar”, ressaltou Cláudio Cajado.
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