Presidente estadual do PDT, o deputado federal Félix Mendonça Jr. é o entrevistado do Papo OFF desta semana.
Ao OFF News, Mendonça nega que PDT já tenha acordo com ACM Neto para indicar Guilherme Bellintani como vice, revela insatisfação com Rui Costa (PT) e diz acreditar que em um eventual 2º turno, Ciro Gomes (PDT) será capaz de vencer o ex-presidente Lula (PT) ou o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nos bastidores, fala-se que Guilherme Bellintani será o indicado pelo PDT para vaga de vice-governador na chapa de ACM Neto na disputa ao governo em 2022. Há martelo batido?
Não, Bellintani não está nem filiado ao PDT. Ninguém entra no partido para ser o candidato, tem que entrar para construir, dar demonstração de disposição e aí poderemos levar em consideração o nome da pessoa para um indicação, e o nome de Bellintani ainda não foi levado em consideração. Até existiu conversas, mas ele disse que precisava tomar conta do Bahia; hoje eu estou feliz porque o Bahia voltou a vencer.
O candidato ao governo da Bahia apoiado pelo PDT terá que obrigatoriamente apoiar Ciro Gomes como candidato à presidência?
O PDT tem candidato a presidente e qualquer aliança que venha fazer parte desse princípio; é inegociável.
Pesquisas de intenção de voto têm colocado três principais candidatos para disputa em 2022: João Roma, ACM Neto e Jaques Wagner. Como acredita que será o clima das eleições de 2022?
Não é momento de falar de eleições. Mas já que pergunta, o que posso dizer é que o governo está no resto, no final, próximo de acabar; mas as eleições ainda estão muito distantes. Um fato curioso, o tempo é o mesmo, mas a percepção é antagônica, o governo está muito perto de acabar, restinho, finalzinho… O clima me lembra muito das eleições de 2006, quando Paulo Souto perdeu as eleições. A base está muito insatisfeita, com muitos deputados e prefeitos ficando na base e dizendo que estão na base por dizer. O governo no final tentando recuperar os danos causados pelo tratamento dispensado aos deputados e prefeitos, que foi um péssimo tratamento, e esses deputados e prefeitos também esperando o momento certo de dar resposta que não pode ser dada. O exemplo mais recente foi o deputado Robinho. Ao expressar sua insatisfação teve de imediato uma resposta via Diário Oficial, com todos os cargos cortados. O governo está mantendo a base unida na base do medo, com a força das nomeações políticas. Aquilo que lá atrás foi conversado com o PDT quando convidou para fazer parte do governo, que as nomeações seriam técnicas, isso se perdeu.
A saída de Andreia Mendonça, sua irmã, confirma o desembarque do PDT do governo Rui Costa. Você se sentiu traído pela forma como se deu essa saída, com comunicados de auxiliares aos seus secretários? O governador Rui Costa te ligou para agradecer o período em que o PDT foi base?
Não houve ligações do governador. O que eu acho é que, assim como foi na entrada, que o governador chamou, avaliou os nomes, conversou, nomes esses que estavam fazendo um excelente trabalho no governo, acho que faltou educação e respeito na saída, de ter feito o mesmo. Mas não deixa mágoa, isso já era esperado, pela forma com que o governador trata os seus auxiliares, e não é só do PDT.
Acha que faltou ao PDT o tratamento dispensado ao ex-secretário Fábio Vilas-Boas?
Primeiro que após a grosseria que foi feita, discriminação, o racismo imperdoável, a ele foi dado a chance de se demitir ao invés de ser exonerado. Eu particularmente acho que ele já devia ter sido demitido, não só por esse fato, mas pela própria condução temerosa da saúde no estado. Andreia não foi comunicada em nenhum momento, o Lucas Costa soube pela Live do governador que seria exonerado e Andréia pelo Diário Oficial. Os quadros PDT indicam são tão bons, que o governador precisa e quer chamar Lucas Costa para assessorá-lo, mesmo que a distância, na secretaria de Agricultura. E lá na Junta Comercial, deixou a vice-presidente, interinamente, que era um quadro também do PDT, e ficou na presidência. Ele deixou um quadro do PDT porque faltam nomes ao governo. Há vários locais com buracos, quadros que o governador não repõe. Na secretaria de Saúde ele deixou interinamente, sem analisar a competência, a subsecretária Tereza Paim. O que se fala é que o ‘Correria’ de Rui Costa só é no programa dele; o povo brinca dizendo que para nomear é vagareza.
O apoio a Bruno Reis é o motivo do governador não querer mais o PDT com ele. Se arrepende de ter apoiado Bruno Reis ou avalia que para o partido esse movimento foi mais benéfico?
De forma nenhuma. O Governador queria que o partido ficasse sempre refém de cargos e posições subservientes. O PDT não é subserviente a cargos e posições, e ficou muito feliz em apoiar Bruno Reis indicando a vice Ana Paula, chapa que foi vitoriosa em Salvador, mesmo com o governador e Lula pedindo voto para adversária.
Acredita que ao se aproximar da centro-direita, o PDT trai a sua história em troca de fazer o presidente, já que teve entre seus quadros grandes líderes declaradamente de esquerda, a exemplo de Leonel Brizola?
Não, o PDT está na história da democracia, defendendo os seus principais alicerces, que é a educação de qualidade, não podemos ter um país desenvolvido sem educação de qualidade para população. A história do PDT está vinculada diretamente à educação e aos direitos dos trabalhadores, essa história jamais será traída.
Acredita que para Ciro Gomes é melhor uma disputa com Lula ou com Bolsonaro?
O Lula respira e vive do Bolsonaro. E o Bolsonaro respira e vive do anti-lula; contra qualquer um dos dois é certeza que ganharemos. O Brasil precisa sair do extremismo, ter opção de voto para além de um radical de esquerda e outro de direita. Não tenho dúvidas que o povo, ao ouvir as propostas e a história de Ciro Gomes, dará um voto de confiança. Temos dois turnos, que é o momento de decidir pelo melhor candidato. Espero que o nosso candidato vá ao 2º turno, mas acredito que qualquer um candidato da 3º via, se o povo achar que é melhor que o nosso, vai ganhar as eleições contra Lula ou Bolsonaro.