A Câmara Municipal de Salvador (CMS) realiza, nesta quarta-feira (5), uma sessão especial em homenagem póstuma a Nengua Guanguacesse – Dona Olga Conceição Cruz, matriarca maior do Terreiro Bate Folha, que completaria 100 anos em 17 de março de 2025. A solenidade que foi proposta pela vereadora Marta Rodrigues (PT), acontece às 18h30, no Plenário Cosme de Farias, com transmissão ao vivo pela TV Câmara Salvador (canal 12.3) e pela página oficial da Casa no Facebook.
A sessão celebra o legado espiritual, cultural e humano de uma das mais importantes líderes religiosas da tradição Bantu e Congo-Angola no país. Durante mais de sete décadas, Nengua Guanguacesse dedicou sua vida ao cuidado da comunidade, à preservação dos saberes ancestrais e à defesa do Terreiro Bate Folha como espaço de fé, natureza e resistência negra.
“Essa homenagem é um gesto de reconhecimento a uma mulher que foi guardiã da tradição, símbolo de sabedoria, acolhimento e força espiritual. Falar de Nengua é falar da própria história do povo de santo e da luta do nosso povo por dignidade e respeito”, destacou Marta Rodrigues.
Bate Folha – Fundado em 1916 por Manoel Bernardino da Paixão, o Terreiro Bate Folha Mansu Banduquenqué, localizado na Mata Escura, é um dos mais antigos do Brasil e o primeiro terreiro da nação Congo-Angola a ser tombado pelo IPHAN, em 2003. Reconhecido como patrimônio cultural brasileiro, o Bate Folha preserva cerca de 15,5 hectares de Mata Atlântica em área urbana, sendo referência em preservação ambiental, educação tradicional e religiosidade afro-brasileira.
Filha do terreiro desde a juventude, Nengua Guanguacesse foi iniciada aos 24 anos, em 1949, e desde então se tornou mãe espiritual de gerações de filhos e filhas de santo. Respeitada dentro e fora da comunidade religiosa, foi exemplo de liderança feminina, serenidade e sabedoria ancestral, reconhecida por sua capacidade de apaziguar e orientar com humildade e firmeza.
A homenagem reafirma o papel fundamental do Candomblé na formação da identidade soteropolitana e reconhece o Terreiro Bate Folha como símbolo da resistência cultural, da memória viva e do pertencimento afrodescendente em Salvador. “Celebrar o centenário de Nengua é celebrar o amor à vida, à natureza e à ancestralidade que ela cultivou com tanta devoção. Seu ngunzo permanece entre nós, guiando as novas gerações”, destacou Marta.



