Dada como certa, a ascensão do vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, ao comando da Federação do PP-União Brasil, que deu um grande passo para construção nesta semana, com o aval do diretório nacional do PP ao presidente da sigla, Ciro Nogueira, para discutir os termos da federação com Antônio Rueda, presidente do União Brasil, gera apreensão no lado pró-governo do partido na Bahia.
A decisão do diretório nacional promoveu uma trava nas negociações na Bahia, conforme apuração do OFF News, que estava às vias de ser anunciada. A decisão, caso ocorra, significa um revés para o diretório da Bahia, que nos últimos meses conseguiu isolar ala divergente e conformar o partido para uma aliança com o PT.
A avaliação é de que caso ACM Neto, assuma a federação, terá o controle do fundão e irá atuar para ter o partido 100% ao seu lado, com isso gerando uma debandada dos estaduais e até possível saída de federais.
Ao OFF News, Cacá Leão, membros da ala do PP contra aliança com o PT, admitiu que o comando da sigla, pela maioria de parlamentares estaduais e federais na Bahia, deve ficar com o União Brasil.
“Eu preciso referendar e elogiar a atuação do presidente, o deputado Mário Negro Monte Júnior, que fez um grande trabalho e vem fazendo um grande trabalho desde que assumiu a presidência do partido. Cabe a ele essas negociações, cabe a ele essa discussão. Eu sempre coloquei, inclusive, a minha posição, de contrária a esta tese, sempre fui respeitado pela minha posição, então respeitarei a posição do presidente Mário, respeitarei a decisão dos queridos amigos correligionários progressistas no que diz respeito a essa discussão”, pontuou Cacá Leão.
“Agora é óbvio que a federação acontecendo, ainda mais no critério utilizado, onde nesse primeiro momento as presidências serão feitas, em forma de rodízio, mas cumpre a Bahia a iniciação desse processo pelo União Brasil pelo tamanho que a agremiação tem no Estado. Eles têm mais deputados federais do que os progressistas. Então, essa questão de diálogo com o governo não cabe a mim, cabe ao presidente, ao deputado Mário”, explicou o secretário de Governo de Bruno Reis e membro do diretório do PP na Bahia.
O OFF News consultou políticos do PP, que por cautela, pediram para não serem identificados. Ao site, eles reconheceram que caso a aliança ocorra, será preciso que o grupo do PT tenha um plano B para acolher os que decidirem sair do PP para manter o apoio a Jerônimo Rodrigues. O Avante, o PSB, Podemos, PSD, entre outros partidos como possível novos lares foram citados.
“Ocorrendo essa Federação, uma coisa é certa, ninguém pode sair nem entrar, só terá janela no ano que vem, em abril. Então isso cria uma situação desconfortável. Então, a gente precisa ver como é que o governo vai receber isso, porque hoje os seis estaduais do partido estão com o governo. Se Neto for o candidato e a federação ficar obrigatoriamente tendo que lidar com ele, eu acho que muitos vão sair”, aponta um político ao OFF News.
A bancada do PP decidiu nesta terça-feira prosseguir com a federação com o União Brasil para formação do que virá a ser a maior força da Câmara com 106 deputados. Para que isso se concretize, falta agora o União Brasil deliberar internamente se quer seguir o mesmo caminho, o que deve ocorrer ao longo da semana.