A vereadora de Salvador, presidente da Comissão para a Defesa dos Direitos da Mulher e vice da Comissão de Reparação, Ireuda Silva (Republicanos), comentou os recentes dados de discriminação e violência racial no Brasil, destacando a urgência de políticas públicas inclusivas e de proteção para a população negra. Segundo a pesquisa Brand Inclusion Index 2024, realizada pela Kantar Insights, 61% dos brasileiros pretos e pardos relataram ter sofrido algum tipo de discriminação no último ano. O levantamento aponta o ambiente de trabalho como um dos mais propensos a esse tipo de agressão (31%), seguido por locais públicos (26%) e situações de consumo (24%).
“A discriminação que ocorre no local de trabalho não só desumaniza como também limita oportunidades, especialmente para a população negra, que já enfrenta desigualdades históricas e estruturais no mercado. São situações que ampliam a vulnerabilidade dessas pessoas, enfraquecendo a possibilidade de ascensão social e econômica”, afirmou Ireuda Silva. Ela destacou que é urgente reforçar leis de proteção no ambiente corporativo, “onde muitos enfrentam barreiras invisíveis, mas profundamente enraizadas, que comprometem a diversidade e a inclusão de maneira prática”.
Além disso, um estudo publicado nesta quinta-feira pela Rede de Observatórios da Segurança traz dados alarmantes sobre a violência policial no país: em 2023, 4.025 pessoas foram mortas por policiais, sendo que, nos casos com identificação de raça, 87,8% das vítimas eram negras. “Esses números são devastadores e refletem um padrão de violência que atinge de forma desproporcional os negros no Brasil”, destacou a vereadora. “A segurança pública deve proteger, não ser uma fonte de temor, e isso só é possível com uma reestruturação profunda das práticas policiais e com políticas de treinamento e conscientização.”
A vereadora também relembra que o racismo estrutural ainda se reflete de maneira clara nas operações policiais. “A falta de transparência em relação aos critérios das forças de segurança, aliada ao preconceito racial, resulta em perdas irreparáveis e na marginalização de comunidades inteiras”, afirmou. “É preciso encarar esses números com seriedade e buscar medidas efetivas, como o fortalecimento de ouvidorias independentes e o aumento da transparência em investigações de letalidade policial.”
Como presidente da Comissão para a Defesa dos Direitos da Mulher, Ireuda Silva também salientou o impacto diferenciado dessas questões para as mulheres negras. Segundo a vereadora, elas sofrem de forma agravada com o racismo e a discriminação, o que as coloca em uma posição de extrema vulnerabilidade. “A discriminação e a violência policial atingem de maneira ainda mais perversa as mulheres negras, que muitas vezes são as que sustentam suas famílias e enfrentam o luto e as dificuldades que a violência institucional causa.”
Em um país onde dados de discriminação e violência são persistentes, a republicana acredita que o caminho é a união entre sociedade civil, legisladores e governo para estabelecer políticas públicas de combate ao racismo e de reforma estrutural nas forças de segurança. “Precisamos de compromissos reais com a justiça e a igualdade de oportunidades, para que possamos, enfim, construir um Brasil onde a cor da pele não determine as chances e nem a segurança dos seus cidadãos.”