Mesmo em meio a críticas constantes pela baixa qualidade dos serviços prestados, as empresas de transporte coletivo Auto Ônibus São João e Ônibus Rosa Ltda, que operam em Feira de Santana, receberam, apenas entre janeiro e julho deste ano, mais de R$ 23 milhões em indenizações e restituições da Prefeitura. Os dados constam em um documento do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e revelam um cenário de preocupação para os usuários do transporte público local.
A Auto Ônibus São João, uma das vencedoras da licitação pública de 2015 realizada durante a gestão do ex-prefeito José Ronaldo, recebeu R$ 12.852.920,60 de 16 de janeiro a 30 de julho de 2024. Já a empresa Rosa Ltda, outra vencedora do processo licitatório, foi contemplada com R$ 10.488.430,33 no mesmo período.
Esses valores, que totalizam R$ 23.341.350,93, levantam questionamentos sobre a destinação de recursos públicos e a qualidade dos serviços prestados. Desde que assumiram a operação do transporte coletivo, as empresas vêm sendo alvo de inúmeras reclamações da população, que critica principalmente a idade avançada da frota e o mau estado de conservação dos veículos, que frequentemente quebram e atrasam o transporte de milhares de usuários diariamente.
CARROS QUEBRADOS
A licitação de 2015, que credenciou seis empresas e teve quatro delas participando até o fim, prometia uma frota 100% nova para atender aos usuários do transporte coletivo da cidade. No entanto, essa promessa não foi cumprida, e os ônibus antigos e mal conservados tornaram-se uma constante, gerando frustração entre os cidadãos que dependem diariamente do sistema de transporte público.
Apesar de todo dinheiro gasto, a qualidade do serviço não acompanhou o volume dos repasses financeiros. Os valores repassados pela Prefeitura de Feira de Santana às duas empresas neste ano representam uma quantia significativa, especialmente em um contexto de insatisfação generalizada com o serviço.
De acordo com especialistas em transporte urbano, indenizações e restituições são mecanismos previstos em contratos para cobrir desequilíbrios financeiros, como perda de receita ou aumento de custos não previstos. No entanto, para a população de Feira de Santana, o repasse desses valores sem a contrapartida de uma melhora no serviço parece desproporcional, especialmente considerando o estado degradado da frota e as constantes falhas operacionais.
Com mais de meio ano já transcorrido, os usuários do transporte coletivo seguem enfrentando uma rotina de longas esperas, ônibus quebrados e serviços que não correspondem às expectativas geradas pela licitação de 2015.
A cidade de Feira de Santana, como segunda maior do estado da Bahia, continua demandando soluções para o problema do transporte coletivo, que afeta diretamente a qualidade de vida de sua população.