Alvo da segunda fase da Operação Cianose, que investiga a compra de respiradores pelo Consórcio do Nordeste em que não foram entregues, deflagrada nesta quinta-feira (1º), o Marinho Soares, que também é professor universitário, gravou um vídeo criticando a ação deflagrada sem que soubesse do que se tratava.
Em Salvador, os agentes estiveram no Edifício Millenium, na Avenida Magalhães Neto e no Condomínio Mansão Victory Tower, no Corredor da Vitória.
A força-tarefa investiga o suposto envolvimento de empresários e advogados na compra de respiradores, que seriam utilizados na época da pandemia de Covid-19. O objetivo é recuperar os valores desviados na aquisição de respiradores pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste).
Após a operação, o advogado criminalista Marinho Soares gravou um vídeo confirmando que a Polícia Federal esteve na sua casa.
“Eu vou botar aí o vídeo porque, claro, quando a Polícia Federal bateu na minha casa, a primeira coisa que eu pedi pra fazer foi o que? Foi pegar a Isabela e mandar gravar. Sabe por quê, gente? A pessoa que é correta, ela tem que estar sempre em condições de tudo, de tudo. Então, eu pedi a Isabela pra gravar, eu vou mostrar aí o que aconteceu e logo depois eu retorno”, explica o advogado criminalista no início do vídeo.
“Isa, por favor, só tira aí o vídeo pro pessoal. Tá aí? Tá. Olá, pessoal. Bom dia. Eu tô aqui recebendo a Polícia Federal na minha casa. Hora dessa, 5 e 57. Não precisa filmar ele, não, não quer ser filmado. Não sei o que se trata, tô aqui querendo saber. O senhor falou que não sabe? O senhor pode pegar a compra da decisão e receber a compra da decisão através do e-mail. Tem que mandar um e-mail pra gente. A gente caminha pra coordenação de operações e encaminha pra coordenação de decisões”, explicou o agente.
“E eu recebo a PF na minha casa para fazer busca e apressão e eu não sei nem o que se trata. Através do e-mail, o senhor vai te saber do que se trata. Lá tem todas as informações a respeito da operação. Isso é um absurdo. Tive acesso para o que se trata. E vi que eu recebi dinheiro de um cliente que tem contrato assinado que eu defendo ele na operação. E por isso que eu sofri a busca e apreensão”, apontou o advogado criminalista.
“Aí, gente, eu acho que as autoridades devem ter o cuidado. A pergunta que eu faço. O padeiro que recebeu o dinheiro dele está tendo busca e apreensão? O posto de gasolina que ele pagou a gasolina do carro dele já tem busca e apreensão? O mercado que ele fez para a família dele já tem busca e apreensão? Gente, as pessoas não conseguem entender isso. Criminalizar a advocacia é um golpe fatal no estado democrático de direito. Resultado? Olharam tudo, buscaram tudo, e para não dizer que nada levou, levou apenas o meu celular. Então eu estou sem celular. E por fim, eu sempre terei a maior honra de dizer que eu sou advogado criminalista. Sabe por quê? Porque eu garanto a defesa e o direito de todas as pessoas que precisam. Tá certo? Por fim, não há qualquer tipo de criminalização a advocacia”, arrematou Marinho.