PT leva às últimas consequências candidatura de Isaac em Juazeiro e expõe fragilidade da tática eleitoral de Jerônimo para 2024

Em sua primeira entrevista ao tratar da eleição de 2024, ainda em 2023, o recém eleito governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), garantiu que sua estratégia prioritária seria a da busca pela unidade na maioria dos municípios, a ser construída sobre alguns critérios: 1° o de apoiar os candidatos que estiveram ao seu lado desde o primeiro turno, quando aparecia atrás das pesquisas e era tido como um azarão por nunca ter disputado um pleito.

O segundo critério seria o de, nos municípios onde ocorresse mais de uma candidatura da base, promover um diálogo entre eles de modo a ter uma solução pacifica, através da adoção de critérios que poderiam ser o da lideranças em pesquisa ou da agregação de maior apoio político e partidário para escolha do candidato a prefeito e a vice.

A tática do governador agradou aos aliados e o ele foi bastante elogiado à época. Como primeiro passo para tática, Jerônimo colocou em funcionamento o Conselho Político, que funcionou efetivamente até o período inicial das pré-candidaturas, quando os conflitos ainda não haviam vindo à tona.

A grande decisão do Conselho Político acabou sendo a unidade em Salvador, onde de fato não havia nomes com maior expectativa de crescimento do que Geraldo, que acabou sendo escolhido. Em outros grandes municípios onde havia competitividade das candidaturas a situação acabou se degringolando e quando não foi resolvida com a imposição da prefeita ou prefeito aliado em prol de seu nome à sucessão, acabou na pulverização de candidaturas.

Vitória da Conquista e Juazeiro são cidades emblemáticas do fracasso da estratégia da construção pactuada da unidade, cidades que por coincidência o PT decidiu a qualquer custo lançar um candidatura.

Em Vitória da Conquista o nome do PT estava atrás do nome do MDB, mas mesmo assim o partido propôs colocar a vereadora Lúcia Rocha na vice, o que precipitou a decisão do MDB de seguir com sua candidatura, o que colocará dois nomes ligados ao governador em rota de colisão na eleição.

Em Juazeiro a situação é pior, já que o município conta com ao menos cinco candidaturas de partidos da base, três na federação Brasil da Esperança (PT-PV-PCdoB): Joseph Bandeira (PSB), Zó (PCdoB), Roberto Carlos (PV), Andréi da Caixa (MDB) e Isaac Carvalho. O último estava inelegível, mas ainda assim o PT resolveu promover uma cruzada para resgatar seus direitos políticos para que ele pudesse se candidatar, dando início a um processo de exposição pública de reiterados negativas em várias instância até que na última quinta-feira (26), o partido divulgou uma nota de que ele teria firmado um acordo com o MP-BA para se candidatar, através do ressarcimento aos cofres públicos. Apesar do acordo com o MP, como comprova certidão retirada nesta sexta-feira (26), Isaac Carvalho segue inelegível para o TSE:

O acordo do MP-BA, estranho aos processo de inegibilidade em curso no país, tiveram como precedentes pouquíssimos casos, sendo um na Bahia e outro no Paraná. A decisão não garante o fim da inegibilidade, já que o mesmo precisa passar pelo crivo da justiça. Chama atenção o fato do acordo ocorrer dias após o próprio MP-BA emitir um comunicado negando provimento ao recurso de Isaac Carvalho e reafirmando sua inegibilidade.

Em meio ao imbróglio, apesar de manifestar nas entrelinhas durante a entrevista seu desconforto com a situação, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, pouco fez para mudar o cenário. A avaliação de aliados é que o governador está evitando entrar em rota de colisão com seu partido, que colocou o comando de Juazeiro como uma das prioridades para articulação de 2026. Com Jerônimo deixando o jogo correr, coube aos aliados pré-candidatos criarem uma estratégia anti-Isaac, manifesta através da participação de ambos nas convenções no lançamento da candidatura de cada um.

Há uma suspeita geral de que Isaac planeja lançar a esposa caso não possa ser candidato, ato avaliado como de um grande desrespeito com todos os nomes na disputa. A avaliação entre eles é de que o PT decidiu o futuro de Juazeiro e não os convidou para mesa, mas que os convocará para entregar bandeirolas de Isaac e praguinhas no período eleitoral.