O prefeito de Salvador, Bruno Reis, criticou a possibilidade de greve dos rodoviários após o que classifica como um movimento da prefeitura para assegurar o sistema, através do aporte de parte da tarifa cobrada em Salvador, durante entrevista na entrega de uma encosta no bairro da Caixa D’água.
“É importante que vocês da imprensa estejam atentos a isso, para denunciar, não aceitar o que está ocorrendo, não pode ser um problema localizado de possível assédio moral ou exigência do sindicato de emissão desse ou daquele funcionário que venha penalizar as pessoas penalizar a cidade”, apontou Reis.
“O lugar de resolver isso é dentro da relação de empregado e empregador, então dentro da relação trabalhista ou na justiça. Não pode ser parando garagem ou fazendo a assembleia, mesmo que seja 11h da manhã, no horário que não tem tanta demanda pelo transporte que eles estão trabalhando, mas isso acaba penalizando”, pontuou o prefeito.
O chefe do executivo municipal aponta que uma eventual greve terá reflexos inclusive na garantia dos benefícios e na melhora salarial dos motoristas e cobradores.
“(…) As pessoas penalizam as empresas porque, gente, hoje vocês sabem, quando chega no final do mês, a empresa arrecada da passagem é suficiente para pagar o custo do sistema. A prefeitura vem assumir nessa conta e eu não tenho condições de botar mais nenhum real. Então, quando fecham a garagem, quando impede a gente sair, diminui o faturamento da empresa”, aponta o gestor.
“E no final do mês eles querem receber o salário, a quinzena, querem receber todos os benefícios e vantagens. Vamos começar agora a discussão em relação ao reajuste dos trabalhadores rodoviários e tem outros caminhos que não a paralisação; então, eu acho isso uma irresponsabilidade, tá certo? Espero que vocês da imprensa também denunciem isso, cobrem o compromisso desses líderes sindicais com a cidade e com as pessoas”, arrematou o prefeito.
Violência
Reis revelou que a violência de Salvador está tendo reflexo nas obras públicas na cidade: “Eu não quero tratar isso como uma pauta eleitoral, não tenha dúvidas que esses conflitos de facções que nós estamos vendo nos bairros carentes da cidade de Salvador é lamentável. As pessoas não podem mais sair das suas casas, as pessoas não podem visitar mais seus vizinhos e outros bairros, as pessoas não podem sair de uma área para outra”.
Ele citou como exemplo a interrupção das obras do conjunto habitacional Mané Dendê, quer seja por tiroteios, quer seja porque os trabalhadores de outros bairros são impedidos de acessarem o local por conta de conflitos entre facções. Ele também apontou também os constantes roubo de materiais das obras.
“Gente, eu estou com extrema dificuldade de tocar a obra do Mané Dendê. Vejam vocês, uma obra importantíssima e as facções; semana passada a obra ficou uma semana paralisada por causa da briga das facções… fora que trabalhadores de uma área não podem entrar em outras áreas porque são de domínio de controle de facções diferentes, onde é que nós vamos parar?”, desabafou o gestor.
“A gente espera que as autoridades. Que tem o poder de polícia, que tem os mecanismos de investigação, que tem a expertize know-how, a inteligência necessária, e possa reasumir e restabelecer a ordem e a segurança. A gente lamenta o que está ocorrendo na segurança de Salvador e, infelizmente, as autoridades que estão aí ainda não conseguiram dar as respostas que as sociedades esperam”, avaliou Bruno Reis.
“Então, isso não é um problema eleitoral, isso não trata de eleição. Agora, a ascensão, a gente promete o dia a dia da cidade, mais um ônibus queimado. Vocês sabem a dificuldade que é pra gente estar trocando ônibus, ônibus novos com ar-condicionado. As empresas estão praticamente falidas, e aí tem que somatizar todo mês o prejuízo, seja da perda de equipamentos, seja de áreas que não podem entrar, que não podem ter o sistema regular, porque o tráfico impede”, concluiu o prefeito de Salvador.
Apoio
Bruno Reis revelou que já entro em contato com o governo do Estado para solicitar um apoio para continuidade das obras no Mané Dendê: “O que foi pedido ajuda é de conhecimento das autoridades. As empresas estão para abandonar as obras, porque não conseguem. Prejuízo atrás prejuízo, roubo de materiais, ameaças. As pessoas não estão sentindo condições de trabalhar nessas áreas, porque não têm a segurança devida. A gente espera que as autoridades se imponham e possa permitir que os serviços públicos funcionem”.