O delegado Roberto Júnior, diretor regional de Polícia do Interior das regiões sul e sudoeste da Bahia, aponta que o assassinato está elucidado
O disparo que matou uma indígena do povo Pataxó Hã Hã Hãe em Potiraguá, no sul da Bahia, saiu de uma arma que estava com um jovem de 19 anos, filho de um fazendeiro da região. As informações foram confirmadas pela polícia. Exames de microcomparação balística identificaram compatibilidade entre o projétil extraído do corpo da vítima e uma das armas apreendidas em flagrante no dia do crime, que estava com o jovem.
Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, foi morta no último domingo (21) em meio a um conflito fundiário nas proximidades da Terra Indígena Caramuru-Paraguassu. Outros seis indígenas foram feridos com disparos de arma de fogo, e um fazendeiro foi atingido por uma fecha.
Dois homens foram presos em flagrante por suspeita de homicídio de tentativa de homicídio. Além do jovem que teria atirado na indígena, foi detido um policial reformado de 60 anos, que também teria efetuado disparos. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Na avaliação do delegado Roberto Júnior, diretor regional de Polícia do Interior das regiões sul e sudoeste da Bahia, o assassinato de Maria de Fátima Muniz pode ser considerado elucidado.
Os dois suspeitos tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. A Justiça da Bahia encaminhou o caso para a Justiça Federal, e a Polícia Federal deve assumir a investigação.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) enviou um ofício ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), pedindo investigação da atuação da Polícia Militar na cidade de Potiraguá.
A entidade afirma que o episódio não é isolado, mas faz parte de um contexto de “violência estrutural” é a segunda morte de um líder indígena registrada na região em um período de 30 dias.