Rádio Peão: Sem santos

Em tempos de caça aos animais, Juca Aleixo retorna mais uma vez para revelar os motivos de na Bahia ser tão difícil cantar de galo.

Sem santos

Uma semana após o presidente da Casa reunir a imprensa para um almoço e declarar, entre uma resposta e outra, que não há “santos na Casa”, a PF resolveu fazer uma visita daquelas a um deputado que não era lá muito interessado na atividade parlamentar. Além de outras 14 pessoas, Binho Galinha foi denunciado por crimes como lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada. O foro privilegiado evitou a prisão do parlamentar. A PF trabalha para jogar o caso para 1º instância, alegando que os crimes foram cometidos antes do empresário se tornar parlamentar, o que fatalmente resultará no pedido de afastamento seguido da renúncia ou cassação.

Desuso?

O operação contra o parlamentar trouxe à tona o fato dos deputados estaduais não terem instalados, na atual legislatura, o Conselho de Ética. Na legislatura passada, o Conselho só atuou de verdade no caso do então deputado estadual Capitão Alden, que acusou seus pares da Oposição de receberem mesada da Prefeitura de Salvador. O esquecimento da instalação da comissão pode ser dada ao desuso do espaço, diferente de Brasília, que costuma ter boa e até disputa para o comando.

Avaliações

Os crimes que vieram à tona com a operação da PF causaram interpretações diversas entre os parlamentares da ALBA. Há deputados ligados ao Governo que avaliam que Binho Galinha deveria ter buscado junto ao Executivo uma melhor interlocução, o que poderia atenuar um eventual movimento da intensidade do que ocorreu nesta semana. Há também quem avalie que não iria adiantar, que foi um erro do empresário ter entrado na política, já que através disso ele acabou ficando exposto.

Narrativa

Há quem garanta que a operação não ocorreu ao acaso, sendo resultado de movimentos políticos ambíguos do parlamentar. Os defensores da tese alegam que não houve fato novo entre os crimes elencados e que por isso tanto faria sentido uma operação agora como no fim do mandato.

Erro de amador

A exposição do deputado federal Neto Carletto com o ‘fardamento’ do Avante é apontada por analistas da política como um erro de amador, já que o mesmo encontra-se filiado ao PP, pelo menos até a janela que deve abrir em 2026. A posição, que deve ser para vender a imagem de que o Avante tem mais de um federal em seu card, poderá custar caro e causar-lhe a cassação do mandato, já que há julgados de infidelidade partidária por uso de adereços em referência a partidos estranhos ao qual o acionado estava filiado.

Intermediário?

Para se viabilizar na disputa ao tribunal, um certo cacique político anda oferecendo mundos e fundos e até Intermediando agenda com o prefeito de Salvador, Bruno Reis. Deputados que narraram dificuldade para tratar de demandas com o prefeito têm sido procurados pelo ex-parlamentar, que é vinculado à PMS, para fecharem agenda com Reis em troca de voto para o tribunal.

Cessão?

O ex-parlamentar em questão tem montado um QG na ALBA. Ele tem sido visto com tamanha frequência na Assembleia que já começou a circular rumores nos corredores de que ele teria sido cedido da PMS para Casa que comandava. Há quem garanta que o rapaz até já foi acionado pelo RH da ALBA, para parar de fazer hora-extra…

3º via

A crise deflagrada em Vitória Conquista, que de um lado tem o MDB garantindo Lúcia Rocha e o PT Waldenor Pereira, fez emergir nos bastidores o nome de um ex-prefeito com grande recall na cidade: Guilherme Menezes. O rapaz, que não quis disputar em 2020, tem demonstrado interesse e acompanhado com frequência o debate sobre a eleição de 2024.

Recado

O empresariado de Vitória da Conquista já avisou que Waldenor terá até o Carnaval para crescer nas pesquisas. Caso não alcance o patamar de liderança ou próximo dele, os empresários já trabalham com dois cenários, ambos com ex-prefeitos da cidade filiados ao PT.

Sem freio

As contratações emergenciais de serviço de transporte coletivo de Vitória da Conquista, feita pela prefeita Sheila Lemos, com empresas velhas conhecidas na cidade, chegou ao TCM. A gestora foi multada em R$ 35 mil após uma das empresas, que venceu a licitação e foi desclassificada sob argumentos estranhos ao processo licitatório, acionar o tribunal. Há quem garanta que a empresa de transporte vencedora é figurinha carimbada nas gestões azuis.

Disputa de bancada

A imbróglio acerca da candidatura a prefeito de Salvador, que afeta acordos em outros municípios, se tornou um debate sobre o tamanho da bancada na CMS. Os gordinhos estão pesando uma candidatura do vice-governador não pela certeza da vitória, mas por avaliarem que com Geraldo candidato, o MDB poderá ter eleger até quatro vereadores, puxados na esteira do cabeça de chapa ser do 15. O PT pensa o mesmo, que com Robinson espera chegar aos seis vereadores ou ao menos garantir as quatro cadeiras atuais, no pior cenário.

União

Já há quem aposte que a chapa de Jerônimo em Salvador será uma composição do vice com o deputado estadual. A união seria bom para ambos, que teriam vitrine em Salvador, local onde eles esperam ter uma votação expressiva na busca por um assento em Brasília, em 2026.

Mensagem subliminar

O questionamento de Lula acerca da incompetência do PT Bahia de ganhar Salvador foi visto entre petista como uma determinação implícita para 2024. Há quem garanta que o pré-candidato do 13 na capital ficou animadissímo com a declaração de Lula e já comunicou aos caciques e ao próprio presidente que está pronto para missão. Especula-se que o PT só não ganhou em 2012 porque o governo à época, apesar de vinculado ao partido, tinha receio de que, em caso de vitória do candidato da sigla, ele perdesse seu status de cacique único no estado.

Limpeza

Chamou atenção a decisão do prefeito de Canavieiras, Paulo Carvalho (Avante), de romper o contrato com a empresa que fazia o serviço de coleta de lixo, roçagem e terraplanagem na cidade sem uma justificativa plausível, antes do fim do contrato, que seria daqui a quatro meses: março de 2024.
Após romper com a empresa, o gestor contratou de forma emergencial uma empresa com sede em Camaçari, por mais de R$ 548 mil por mês. O valor é muito superior ao que era pago para empresa anterior. Há quem garanta que os tribunais já foram informados e em breve devem cobrar os motivos da decisão.