Nesta segunda-feira (30), o ator, diretor, sindicalista e encenador Milton Gonçalves faleceu aos 88 anos, vítima de problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020.
Alda, a filha do ator, revelou que o pai teve uma morte “calma” e “bonita”. “Eu estava ao lado dele e foi como se ele estivesse indo dormir. Foi muito calmo”, comentou.
O velório aconteceu durante toda a manhã da terça-feira (31) e encerrou aproximadamente às 13h. A cerimônia ocorreu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e foi aberta para o público. O corpo de Milton foi cremado na Penitência Caju.
Milton Gonçalves nasceu no dia 09 de dezembro de 1933, em Monte Santo, no estado de Minas Gerais. Foi contratado pela TV Globo em 1965 e fez parte do primeiro núcleo de atores da emissora. O ator tem uma longa trajetória na dramaturgia brasileira e é conhecido pela atuação em trabalhos como “Roque Santeiro” (1985), “Tenda dos Milagres” (1985), “As Noivas de Copacabana” (1992), “Agosto” (1993), “Chiquinha Gonzaga” (1999), “O Bem-Amado” (1973) e “Pecado Capital” (1975).
Além dessas produções, o ator participou das duas versões de “Sinhá Moça”, a original de 1976 e o remake de 2006, pelo qual foi indicado ao Emmy, na categoria de Melhor Ator.
Milton tornou-se referência para a nova geração de artistas pretos, não só pelo seu talento e representatividade enquanto artista, mas também pela presença veemente na luta antirracista. Até mesmo em idade mais avançada, em 2019, aos 86 anos, processou o ator Paulo Betti após comentários racistas na disputa pela presidência do SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculo de Diversões do Estado do Rio de Janeiro). O ator não se considerava, em suas palavras, um negro do movimento, mas um negro em movimento.
O falecimento de Milton Gonçalves é uma grande perda para arte brasileira.
Por: Beatrice Magalhães
