A primeira reunião territorial do Partido dos Trabalhadores com o candidato ao governo da Bahia, Jaques Wagner (PT), na noite da última sexta-feira (14), em Lauro de Freitas, serviu como balão de ensaio para os caminhos que a campanha do petista deve tomar.
Em seu discurso, Wagner destacou que a “grande tarefa” da militância será a de “reavivar na memória dos mais velhos e ativar na mente dos mais novos tudo que representou esses 15 anos”. Ele destacou que é imprescindível à militância ter a cartilha das ações do PT nos últimos 15 anos para contrapor aos projetos apresentados pela direita.
“Mostrar o que foram os nossos 15 anos agora na Bahia e os 13 anos de Lula e Dilma lá [Brasília], vamos botar isso em uma cartilhinha, plastificar e botar debaixo do braço e divulgar”, destacou o virtual candidato ao governo da Bahia.
O discurso de Wagner explicita que a campanha atuará em duas frentes, confirmada pelo OFF News com o secretário de Combate ao Racismo do PT, Ademário Costa.
A primeira linha é a do legado, mostrar o que de positivo foi feito desde a gestão Wagner até a de Rui Costa.
A segunda frente é a da discussão do futuro da Bahia, com base no legado, apontando que só o continuísmo da gestão será capaz de não colocar em risco tudo que já foi conquistado.
A questão do legado será tão forte na campanha que o próprio ACM Neto evita a política de terra arrasada ao tratar dos governos do PT. Apesar de atacar constantemente educação e segurança pública, o ex-prefeito de Salvador tem elogiado determinados projetos dos governos do PT, e já declarou em entrevistas que irá trabalhar para aprimorar os que acha que deu certo.
“E gente compreende que esse é o momento de sair pelo estado, não para pedir o voto, mas para dialogar, fazer um resgate do passado olhando para o futuro. Nós já fizemos isso em 2018, o debate do legado foi o centro da campanha, que foi sobre legado e resistência, e agora vamos falar do legado, mas olhando para o futuro”, destaca Ademário, que segue no raciocínio:
“Só pode propôr futuro quem tem um resgate histórico para poder apresentar, e nós podemos e vamos comparar 16 anos do PT com 16 anos do Carlismo no governo do estado, é disso que se trata e é importante para população fazer esse comparativo, entender o que foi a Bahia de 16 anos de Carlismo e o que é a Bahia com 16 anos do PT e com os partidos aliados”, ressaltou Costa.
O legado também esteve no discurso da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, que elencou ações ocorridas na gestão Lula-Wagner que deverão ser comunicadas à juventude. A gestora usou o termo “reencantar o povo” para definir qual deve ser o mote da campanha do partido que comanda o estado há 16 anos e que enfrenta um desgaste provocado por problemas crônicos na área da Segurança Pública e Educação, onde a Bahia conta com índices altíssimos negativos e baixíssimos positivos.
“Precisamos reencantar o povo, e para isso temos que ter criatividade. Para ir conversar com esse jovem que ainda não conhece a história do Brasil e da Bahia, que não sabe que foi por conta de Lula e Wagner que eles entraram nas universidades; que colorimos as universidades do Brasil. Conversar com esse jovem para ele saber porque tem luz no Sertão, porque que chega água”, ressaltou Gramacho.
O evento em Lauro de Freitas foi o início de uma série de encontro em diversas regiões da Bahia que serão realizados neste mês. O próximo será na cidade de Alagoinhas, no domingo (16).
A vereador Marta Rodrigues (PT), que esteve presente ao ato, destaca que existe uma juventude no país que não conhece os legados da gestão e que a estratégia de campanha do atual senador do PT deve focar também neste público.
“A juventude, que está hoje apta para votar, com 16 , 17, 18 anos, não acompanhou a criação das políticas públicas. Políticas como o TOPA, a educação de Jovens e Adultos que Salvador está reduzindo turmas e que vamos ampliar. O Corra para o Abraço, que dá assistência social para população, o Vida Melhor, que faz inclusão socioprodutiva, Água e Luz para todos, Minha Casa Minha Vida, enfim, tantas políticas que vem de lá dos oito anos de Wagner e Lula”, explicou Rodrigues.
Segundo a parlamentar de Salvador, o que estará em jogo nas eleições de 2022 é o debate sobre dois projetos, um encabeçado pelo ex-presidente Lula e o outro encabeçado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL): “todo esse legado precisa estar sendo tratado com nossa juventude. O que vai estar em debate são dois projetos: o atual, genocida, que negou a vacina para crianças, que luta para conseguir, privatizações, entrega riquezas, que ameaça soberania, e o outro democratico e popular, que quem já foi beneficiário sabe”.
Ademário Costa ressalta que partirá do PT o debate sobre educação e segurança pública, arsenal que deve ser utilizado pelos adversários. Segundo ele, Wagner não terá dificuldade de tratar de nenhum tema.
“Não teremos dificuldade sobre essa comparação de legados, da área social, acesso à água, moradia, saúde, energia elétrica, e também educação e segurança pública, pontos que os adversário mais tentam se diferenciar. Além disso, vamos falar do futuro, entendemos que é importante reconstruir o país, apresentar um país e uma candidatura da prosperidade”, disse o presidente da Secretária de Combate ao Racismo do PT.
Marta Rodrigues avalia que o cenário na educação e segurança pública não é de terra arrasa como os adversários tentam construir. Ele disse que o projeto é de promover um aprimoramento dos avanços alcançados tanto na Educação quanto na Segurança Pública.
“Se for pegar o período da educação desde Wagner vão ver que nós avançando muito. Temos consolidado um série de políticas, o TOPA, educação jovem e adotos, a recente bolsa presença e vamos nos apropriar disso para fazer o debate. Nesta perspetiva também tratamos da Segurança Pública. Se pegar os dados,verão o quanto conseguimos avançar. Mas esses são debate que precisaremos travar, para melhorar a segurança pública, vamos ouvir as pessoas”, apontoua a parlamentar do PT.
Ademário destaca que o cenário de 2022, como tem ocorrido na história da Bahia, é que a eleição seja encarada de forma indissociada, tendo o contexto estadual ligado umbilicalmente ao federal em um provável ambiente de polarização.
“Outro elemento fundamental que analisamos, e não adianta os adversário tentarem mudar o foco, é que a eleição estadual estará casada com a eleição nacional, Essa será uma eleição de projeto e a Bahia não estará descolada do Brasil. Não é possível discutir o futuro da Bahia sem o Brasil. Foram nos governos petistas que o Nordeste mais cresceu, cresceu o dobro do país.A sociedade está fazendo essa conexão e vemos isso nos levantamentos”, reforçou Costa.
O petista avalia que está claro que Wagner tem um projeto ao lado de Lula e que o candidato de Bolsonaro, até então João Roma, tem seu projeto vinculado ao atual mandatário, e questiona qual seria o projeto apresentado por ACM Neto, que sinaliza para um palanque aberto em 2022, não se vinculando a um candidato específico na corrida ao Palácio do Planalto.
“É preciso compreender que essa é uma eleição nacional. E os adversários aceitando ou não, eles precisarão ter condições de fazer esse debate nacional, destacando qual será o papel da Bahia. Lula está em consonância com um projeto social, de social desenvolvimentismo. Percebo que o bolsonarismo tem seu projeto, de destruição, ódio, de divisão do país, mas não sei qual projeto o outro adversário [ACM Neto] irá se filiar ou apresentar. A população irá diferenciar quem tem e que não tem projeto para o Brasil e para Bahia”, ressaltou Ademário Costa.