Outrora considerada especulação e negada veemente por políticos e articuladores da sigla, o retorno do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Partido Progressista é hoje uma realidade que poderá ocorrer a qualquer momento.
A chancela para o regresso de Bolsonaro ao partido que representou de 2006 a 2016 é de duas figuras nordestinas chaves da legenda: o atual ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
“É possível que ele venha para o partido, isso está sendo conversado e conduzido por duas figuras em especial, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, que são dois expoentes do partido. Eles ocupam posições importantes no plano nacional, um no comando da Câmara, fora do governo, e outro no Executivo. Isso está sendo conversado, não sei a amplitude disso, mas digo que essa hipótese é realmente possível, que Bolsonaro venha para o partido”, explicou o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cláudio Cajado (PP).
Questionado se a filiação de Bolsonaro seria a concretização de um plano traçado pelo presidente, de concorrer em 2022 pela legenda, ao atrair Ciro Nogueira para o governo, o pepista afirmou: “não sei se pensou nisso [ao atrair Ciro], mas Bolsonaro já foi do partido, durante muitos anos; ele seria uma quadro representativo dentro progressista, como temos vários: o líder Ricardo Barros (PP-PR), o presidente Arthur Lira e o ministro Ciro Nogueira, além do próprio Bolsonaro, que querendo vir, estará contido nessa conjuntura fortalecimento do partido”.
O retorno de Jair Bolsonaro ao PP irá provocar um furacão político em diversos estados, principalmente os do nordeste. Na Bahia, poderá ter como efeito colateral a ruptura de uma aliança do PP com outros partidos que controlam o governo do estado há quase 16 anos.
“Eu acho que essa questão nos estados será discutida entre os membros, os presidentes estaduais e avaliada; até porque, de qualquer forma, a política nacional, ela é um chamariz, uma âncora nas políticas estaduais. Hoje o presidente manifestando claramente, ele ainda não tratou disso publicamente, há conversas acontecendo, se ele tomar uma decisão, óbvio que a direção nacional se posicionará. Vejo hoje, no plano nacional, entre deputados e senadores, uma ampla maioria que apoiam a sua vinda. Não sei como está isso nos estados, mas ao nível de parlamento nacional temos mais prós do que contras”, destacou Cajado.
Apesar de não tratar disso publicamente, em 23 de julho, durante entrevista à Rádio 92.1, de Mato Grosso do Sul, Bolsonaro admitiu: “o PP passa a ser uma possibilidade de filiação nossa”.
Na Bahia, os parlamentares estaduais são alinhados ao governador Rui Costa, do Partido dos Trabalhadores, com exceção do deputado estadual Robinho (PP), recém desembarcado da base de apoio do petista e que tem atuado como opositor, mesmo ainda estando filiado à sigla.
A crise deve se instalar nos diretórios estaduais do PP por conta do apoio nacional em 2022. Questionado, o vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara e um dos nomes fortes do PP no Bahia classificou como “incompatível” que o partido esteja com Jair Bolsonaro como candidato à presidência e em alguns estados os diretórios forneçam suporte ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em referência ao atual cenário de polarização constatado entre pesquisas de opinião de voto.
“Aí teríamos que avaliar. O Bolsonaro vindo, teria que de fato colocar essa questão do apoio nos estados para que houvesse uma conversa no plano estadual, mas também federal. Se o adversário for Lula, não vejo como possa ter aliança na Bahia e em outros estados entre o PP e o PT, na minha opinião. O PP no plano federal com candidato próprio a presidente e nos planos estaduais coligados com o adversário? É complicado, eu não vejo como; O PP aqui na Bahia com o PT, com Lula no palanque, não tem como, essa hipótese não vislumbro, estou falando por mim, mas há uma lógica demanda aí que não tem como conciliar”, ressaltou Cajado.
Em entrevista ao Papo OFF News, questionado se teria receio de pressão do diretório nacional após declarar que estará com Lula em 2022, o vice-governador da Bahia, João Leão, disse não ter o mínimo de receio:
“O diretório nacional sou eu. Sou vice-presidente nacional do partido, 1º vice, então, não tenho receio; agora mesmo falei com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e realmente ele pediu licença da presidência, e quem ia assumir era eu, mas não assumi pelas responsabilidades que tenho como secretário e vice-governador. De maneira nenhuma teremos problemas [com o apoio ao PT e não a Bolsonaro]. Além disso, temos o deputado Cacá Leão, líder da bancada no Congresso, temos o deputado Ronaldo Carleto, Cláudio Cajado, Mário Negromonte Jr, quatro grandes deputados do partido, e não temos o mínimo de receio”.
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